Folha de S. Paulo


Petrobras lidera perda de valor na Bolsa no governo Dilma

Envolvida em denúncias de corrupção e com seu modelo de gestão criticado no mercado financeiro, a Petrobras foi a empresa que mais perdeu valor na Bolsa durante o governo Dilma Rousseff, segundo levantamento da consultoria Economatica.

O estudo considera o valor nominal (sem computar a inflação) de mercado de 272 companhias negociadas BM&FBovespa entre em 31 de dezembro 2010 e em 24 de novembro de 2014.

O valor inicial da Petrobras, de R$ 380,2 bilhões, despencou mais de R$ 200 bilhões, para R$ 179,6 bilhões.

Economistas ouvidos pela Folha destacam que a desvalorização da estatal vem no contexto do uso da empresa como instrumento político, para, por exemplo, controlar o preço da gasolina e conter a inflação.

A Petrobras compra no exterior petróleo e derivados a preços mais altos do que vende no Brasil, o que pressiona o caixa da empresa.

"A Petrobras foi chamada a ajudar o país para além dos interesses dos acionistas, o que penalizou a companhia", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

LONGO PRAZO

Mas Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho, destaca que o valor da ação da Petrobras está "extremamente baixo" e que "pior do que está não vai ficar."
O papel mais negociado da estatal, que já custou R$ 40,25 em maio de 2008, terminou o dia hoje cotado a R$ 14,15.
"A tendência é o preço subir no longo prazo, mas isso vai depender das medidas do governo, principalmente em relação ao preço do gasolina", acrescenta Hegedus.

Mauro Calil, consultor de finanças pessoais, porém, recomenda sangue frio a quem já tem dinheiro em ações da Petrobras, apesar da desvalorização recente.
"Se o investidor vender a um preço mais baixo do que comprou vai ter prejuízo", diz Calil. "Já quem não entrou deve aplicar só se puder esperar bastante pelo retorno, pois a recuperação dos papéis deve demorar a acontecer, de quatro a seis anos."

VALE

O levantamento da Economatica mostra ainda que, dentre as empresas que mais se desvalorizaram na Bolsa nos últimos quatro anos, estão a Vale e OGX.

A Vale foi prejudicada principalmente pela desaceleração da China, importante mercado consumidor do minério de ferro da empresa, de acordo com analistas. E a OGX, pela quebra do empresário Eike Batista.

Na outra ponta do ranking, Ambev e Bradesco foram as empresas que mais ganharam valor. "Quem ficou focado na atividade doméstica, relacionada a consumo, foi bem", afirma Julio Hegedus, da Lopes Filho.

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  • 15 empresas que mais perderam valor de mercado
Empresa Setor Valor de mercado (R$ bi) em 31/12/2010 Valor de mercado (R$ bi) em 24/11/2014 Variação (em R$ bi)
Petrobras Petróleo e Gas 380,247 179,557 -200,69
Vale Mineração 275,006 115,642 -159,365
Banco do Brasil Bancos 89,884 80,531 -9,353
Santander BR Bancos 86,46 56,591 -29,87
BM&FBovespa Bolsa de Valores 25,996 19,261 -6,736
Gerdau Siderur & Metalur 31,141 17,594 -13,547
Natura Comércio 20,549 14,93 -5,618
Sid Nacional Siderur & Metalur 38,884 9,334 -29,55
Eletrobras Energia Elétrica 26,211 8,657 -17,554
Usiminas Siderur & Metalur 20,016 6,392 -13,624
Bradespar Outros 15,225 5,086 -10,138
All Amer Lat Transporte Serviç 10,328 4,29 -6,039
PDG Realt Construção 11,239 1,561 -9,678
OGX Petroleo Petróleo e Gas 64,663 0,324 -64,34
Hrt Petroleo Petróleo e Gas 7,345 0,233 -7,112

Fonte: Economatica


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