Folha de S. Paulo


Nova equipe econômica vai assumir imediatamente após anúncio oficial

A nova equipe econômica da presidente Dilma, que deve ser anunciada até quinta-feira (27), vai assumir seus postos imediatamente. Segundo assessores presidenciais, Guido Mantega (Fazenda) deve se despedir do cargo na próxima sexta-feira (28), transmitindo o cargo para Joaquim Levy.

O mesmo deve ocorrer no Ministério do Planejamento, com Miriam Belchior transferindo o cargo para Nelson Barbosa.

A agenda da Presidência –e o anúncio dos ministros– está muito atrelada à aprovação de um projeto de lei que autoriza o governo a descumprir a meta de economia para pagamento de juros da dívida pública neste ano, o chamado superavit primário.

Aprovado pela segunda vez e sem mudanças na Comissão Mista de Orçamento do Congresso nesta terça-feira, o texto segue para a análise final no plenário do Congresso. A ideia da base aliada é tentar concluir a votação da manobra fiscal ainda nesta semana para garantir ao governo fechar as contas do ano.

Caso não consiga, existe a possibilidade do anúncio ser adiado.

O projeto altera a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) permitindo ao Executivo descontar dessa espécie de poupança todo o valor gasto no ano com obras do Programa de Aceleração do Crescimento e com as desonerações tributárias.

Fabio Braga/Adriano Vizoni/Folhapress
Joaquim Levy,cotado para o ministério da Fazenda, e Nelson Barbosa, cotado para o Planejamento
Joaquim Levy,cotado para o ministério da Fazenda, e Nelson Barbosa, cotado para o Planejamento

REUNIÕES

Levy e Barbosa chegaram nesta terça-feira (25) a Brasília para reuniões com a equipe da presidente Dilma, com o objetivo de preparar o anúncio das linhas gerais das medidas que os dois vão implementar no segundo mandato da petista.

A equipe de Mantega já fechou um pacote de medidas na área fiscal, que será entregue à presidente Dilma. Segundo assessores presidenciais, Levy e Barbosa podem fazer alguns acréscimos de medidas às que foram preparadas pela atual equipe do Ministério da Fazenda.

MEDIDAS

Reportagem da Folha publicada no sábado (22) informou que a presidente Dilma Rousseff encarregou sua nova equipe econômica de divulgar, no dia em que for anunciada oficialmente, um conjunto de medidas para garantir "a sustentabilidade fiscal" do governo e atrair investimentos para retomar o crescimento da economia.

O trio Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini já estaria trabalhando nas medidas a partir do que a equipe do ministro Guido Mantega (Fazenda) vinha preparando para ser divulgado nesta semana.

Um assessor presidencial disse à Folha que os novos ministros vão propor ajustes de efeito imediato e ações de médio e longo prazos para garantir "confiança e sustentabilidade" ao país.

A ideia, na área fiscal, é fazer um ajuste "gradual e consistente" das contas públicas nos próximos anos, buscando ao mesmo tempo retomar a política de economia de gastos para pagar a dívida pública (superavit primário) e evitar um cenário de recessão econômica no país.

RECADO

O objetivo é que os novos ministros assumam já dando o "recado" do que será a política econômica no segundo mandato de Dilma.

Entre as medidas que já estavam em fase de elaboração estão cortes de despesas com seguro-desemprego, pensões por morte e abono salarial. O novo time vai acrescentar também suas ideias para o pacote de ações econômicas.

Os convites foram feitos pela presidente e aceitos dentro desta configuração.

Na avaliação do Planalto, o trio é "muito qualificado e consistente" e vai arejar o debate interno.

Enquanto Levy dará sua contribuição no lado fiscal, Barbosa apresentará ideias na área desenvolvimentista, com Tombini reforçando o compromisso de trazer a inflação de volta para o centro da meta (4,5% ao ano).

QUINTETO

Um assessor lembra, inclusive, que Dilma montou, na verdade, um quinteto trazendo para o governo a indústria e o agronegócio ao escolher dois novos ministros representantes destes setores.

O senador Armando Monteiro (PTB-PE) será o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e tem o apoio das lideranças do setor industrial.

A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e colunista da Folha, vai comandar o Ministério da Agricultura.


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