Folha de S. Paulo


OCDE vê recuperação mundial e pede que BC europeu faça mais estímulos

A economia global vai gradualmente melhorar ao longo dos próximos dois anos, mas o Japão vai crescer menos do que se esperava, enquanto a zona do euro enfrenta estagnação e maior risco de deflação, previu nesta terça-feira (25) a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Haverá divergências marcantes entre países, tanto em termos de crescimento quanto em relação à política monetária, provocando volatilidade nos mercados de dívida e câmbio, informou a OCDE.

De maneira geral, a economia global deve crescer 3,3% neste ano, 3,7% em 2015 e 3,9% em 2016, segundo a organização, confirmando projeções publicadas antes da cúpula do G20 neste mês.

Para o Brasil, a OCDE prevê crescimento econômico de 0,3% em 2014, 1,5% em 2015 e 2,0% em 2016.

Na segunda-feira (24), o Boletim Focus, feito pelo Banco Central com as estimativas de analistas de instituições financeiras, mostrou uma previsão menor para o crescimento do PIB brasileiro neste ano. A projeção do mercado passou de 0,21% para 0,20%. Para o ano que vem, a aposta seguiu inalterada em 0,80%.

JAPÃO

A maioria das estimativas não foi alterada, mas a previsão do Japão caiu para menos que a metade para 2014, a 0,4%, e passou a 0,8% no ano que vem, após o país inesperadamente entrar em recessão no terceiro trimestre. As previsões anteriores eram de 0,9% e 1,1%, respectivamente.

A economia japonesa encolheu 0,4% no terceiro trimestre deste ano, frustrando as previsões de recuperação após contração de 1,8% no trimestre anterior. O fato levou o premiê Shinzo Abe a adiar o segundo aumento de impostos para 2017 e a dissolver a Câmara baixa do Parlamento para convocar eleições legislativas, antecipadas para dezembro.

Em dados anualizados, a queda no terceiro trimestre foi de 1,6% e no segundo, de 7,1%. Mas a OCDE ainda espera que o Japão se recupere, uma vez que os lucros corporativos permanecem altos e o enfraquecimento do iene vai ajudar as exportações.

ZONA DO EURO

Uma preocupação maior para o instituto baseado em Paris é a zona do euro, que, segundo a organização, "pode ter caído em uma persistente armadilha de estagnação".

"A zona do euro corre o risco de deflação se o crescimento estagnar ou se as expectativas de inflação caírem mais", acrescentou.

Por isso, a OCDE reiterou seu pedido para que o BCE adote "quantitative easing", ou mais programa de estímulos, na zona do euro.

Na segunda-feira passada (17), o presidente do BCE, Mario Draghi, disse que a instituição está pronto para fazer mais caso os esforços atuais não sejam suficientes para acelerar a recuperação da regional.

Segundo Draghi, o ímpeto de crescimento da zona do euro enfraqueceu ao longo do verão (no hemisfério norte), mas que os passos da política monetária do BCE e as reformas dos países da zona do euro deveriam ainda levar a uma recuperação modesta no próximo ano e em 2016.


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