Folha de S. Paulo


Deficit nas contas externas atinge recorde de US$ 8,1 bi em outubro

A piora na balança comercial brasileira foi um dos principais fatores que levou o Brasil a registrar deficit recorde de US$ 8,1 bilhões nas suas transações de bens e serviços com o exterior em outubro. O resultado negativo ficou acima dos US$ 6,6 bilhões previstos pelo Banco Central.

De acordo com a instituição, a diferença entre os dois números é explicada, em grande parte, pelo resultado pior que o esperado para a balança comercial. No mês passado, as importações superaram as exportações em US$ 1,18 bilhão.

Para novembro, o BC projeta deficit de US$ 8 bilhões nas transações correntes.

Se a projeção se confirmar, o resultado acumulado do ano passará de US$ 70,7 bilhões até outubro para US$ 78,7 bilhões em novembro. O número está bem próximo da previsão do BC para todo o ano de 2014, que é de US$ 80 bilhões.

12 MESES

No acumulado em 12 meses, o deficit externo equivale a 3,73% do PIB (Produto Interno Bruto), a maior proporção desde fevereiro de 2002 (3,94% do PIB).

O IED (Investimento Estrangeiro Direto) ficou em US$ 5 bilhões no mês passado, pouco abaixo do registrado no mesmo período de 2013, mas acima dos US$ 4 bilhões esperados pelo BC para o mês. No acumulado em 12 meses, está em US$ 66 bilhões (2,74% do PIB). A estimativa para novembro é de US$ 4 bilhões.

"Temos um quadro de financiamento que se mantém em condições favoráveis. A maior parte segue sendo IED, que significa ingresso de recursos que tendem a gerar mais produção, mais renda e mais impostos", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

VIAGENS

Outros fatores têm contribuído para evitar um resultado negativo ainda maior nas transações correntes. O deficit com serviços, por exemplo, cresceu 1,4% neste ano até outubro.

No mesmo período do ano passado, o ritmo de crescimento era de 15%. Essa desaceleração também está ligada ao comércio exterior, que reduziu os gastos do país com transportes.

Os gastos com viagens, por sua vez, recuaram 11% em outubro em relação a setembro. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda foi de 7%. Essa é a primeira queda na comparação com o mesmo período do ano passado desde março, quando houve redução de 1%.

As despesas somaram US$ 2,12 bilhões. É o menor valor mensal desde junho deste ano (US$ 2,00 bilhões) e o resultado mais baixo para meses de outubro desde 2012 (US$ 2,09 bilhões).

Nos dez primeiros meses de 2014, os gastos somam valor recorde de US$ 21,8 bilhões, acima do verificado no mesmo período de 2013 (US$ 20,9 bilhões).

DÓLAR

"O dólar nesses três meses [desde agosto] encareceu cerca de 15% e isso tende a influenciar essa conta, que é sensível ao custo da moeda estrangeira", afirmou Maciel.

Dados parciais para novembro indicam nova queda, influenciada pela variação do dólar nos últimos meses, diz Maciel.

Ele afirmou ainda que o ritmo de crescimento econômico menor do Brasil se refletiu nas remessas de lucros e dividendos, que caíram, contribuindo para evitar um deficit externo mais elevado em 2014.


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