Folha de S. Paulo


Inovar inclui buscar ideias fora da empresa, afirmam especialistas

É preciso abrir a porta e deixar que as ideias entrem. Só assim haverá inovação, afirmam especialistas.

Romeo Busarello, diretor da construtora Tecnisa, conta que a ideia de alugar drones (robôs aéreos) para filmar obras em andamento e enviar vídeos a compradores veio de fora. Hoje, um edifício em Santos é vendido assim.

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"Dessa forma, dou uma visão mais autêntica do imóvel ao comprador do que com a filmagem convencional", diz.

A ideia foi apresentada aos executivos da empresa em dez minutos, no projeto chamado de "fast dating". Assim também surgiram os geradores movidos a etanol e os halls de entrada em garagem.

"Com o tempo, vimos que brainstorms' [reuniões para desenvolver ideias] eram mais storms [tempestade] que brain [cérebro]", diz Busarello. "É muita ideia, mas inovador é quem as torna viáveis."

Segundo Maximiliano Carlomagno, especialista em inovação da consultoria Innoscience, as empresas têm que saber o que buscam. Ideias que representam pequenas evoluções servem para manter companhias no jogo; já as que trazem novidade ao mercado ou à forma de produzir tendem a levar à liderança.

"Não tem nada a ver com o quanto as empresas investem nem com a técnica", afirma.

Há dez anos, Ogari Pacheco, presidente e fundador do laboratório Cristália, em Itapira (SP), ouviu uma colega da faculdade respeitada na academia e voltou à universidade para cavar novidades.

O Cristália formou um conselho com acadêmicos de cerca de 20 instituições do país, que traz ao laboratório propostas para novas drogas. Em troca, o pesquisador vira sócio do projeto. O Helleva, concorrente do Viagra desenvolvido no Brasil, nasceu assim. "O conselho é nossa antena captadora de inovação."

A Tecnisa também tem um comitê com executivos experientes, que avalia ideias para transformar em negócio. Segundo Busarello, há recompensas com bônus.

É o que sugere Carlomagno: "O bônus faz com que a inovação se torne tema constante para os funcionários", diz. "Afinal, as pessoas só estudam o que cai na prova."

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

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