Folha de S. Paulo


Cai desigualdade da renda da mulher em relação à dos homens

As mulheres brasileiras tiveram ligeira redução na diferença de rendimentos em comparação aos homens, diz estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a partir dos dois últimos Censos, de 2000 e 2010.

Enquanto o rendimento médio dos homens variou 7,8% no período (passou de R$ 1.471 para R$ 1.587), o das mulheres cresceu 12% (de R$ 959 para R$ 1.074).

Esse aumento, porém, não foi uniforme em todo o país. A média do rendimento de uma trabalhadora do Centro-Oeste era 80,5% maior do que o de uma nordestina.

A desigualdade entre homens e mulheres no mercado formal de trabalho, medida no número de empregos com carteira assinada, por outro lado, subiu de 3,8 pontos percentuais, em 2000, para 6,7 pontos percentuais, em 2010.

No último ano medido, 46,5% dos homens com 16 anos ou mais estavam empregados com carteira; as mulheres eram 39,8%.

Segundo o estudo, essa desigualdade de rendimento entre homens e mulheres é resultado de uma maior presença feminina em ocupações precárias, de baixa qualificação, pouco formalizadas e predominantemente do setor de serviços como, por exemplo, o trabalho doméstico.

O levantamento mostra ainda que a maioria das mulheres de 25 anos ou mais possui formação acadêmica em áreas como educação (83%), ciências humanas e artes (74,2%), que são as que possuem menor rendimento mensal (R$ 1.811 e R$ 2.224).

"Por mais que as mulheres sejam a maioria nas universidades, elas estão mais concentradas em áreas de formação cujo rendimento no mercado de trabalho é inferior ao dos homens. E aí, para saber os motivos dessa escolha, deve ser feita uma pesquisa à parte. Também tem a questão da dupla jornada, que as mulheres precisam cuidar dos afazeres domésticos, dos filhos, além de dar conta do mercado de trabalho", afirmou a coordenadora da pesquisa do IBGE, Bárbara Cobo.

Os dados confirmam que cresce o número de mulheres como chefes de casa com um aumento de quase oito pontos percentuais na contribuição no rendimento familiar em dez anos (de 33 % para 40,9%). Entre os homens, a contribuição é de 59,1%.

Entre as mulheres de áreas rurais, a participação feminina no rendimento da família é ligeiramente maior –42,4%. A contribuição das mulheres é mais importante na zona rural nordestina (51%). E é menor na zona rural da região Centro-Oeste (26%).

O estudo apontou ainda que as desigualdades se estendem entre as próprias mulheres. "Acontece dupla desvantagem no grupo de mulheres de cor preta ou parda em relação ao homem e por estarem significativamente em situação mais desfavorável do que as mulheres brancas."

Enquanto as mulheres brancas são maioria entre as trabalhadoras com carteira de trabalho assinada (58,4%), as mulheres pretas ou pardas compõem a maior proporção de trabalhadoras domésticas com e sem carteira assinada (57% e 62,3% respectivamente). A pesquisa mostra que a escolarização de mulheres pretas ou pardas ocupadas é menor que a de brancas.

As diferenças aparecem com elevada participação de mulheres pretas ou pardas sem instrução e com nível fundamental incompleto (42,5%) quando comparadas às brancas (28,2%). Já no caso do nível superior ainda é menor o número de mulheres pretas ou pardas (11,2%) comparado às brancas (26%).


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