Folha de S. Paulo


Quatro de cada cinco litros no Sudeste secaram

Os níveis dos reservatórios de usinas hidrelétricas da região Sudeste estão no menor patamar desde 2000, quando iniciou-se a série histórica do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

Com o baixo volume, usinas estão gerando menos e colocando o abastecimento de energia em risco.

Os reservatórios são considerados a bateria do sistema elétrico. Quanto menos água armazenada, menor a geração hidrelétrica.

O volume útil médio dos reservatórios está em 18,85%. Ao final de setembro de 2001, o volume de água armazenada estava em 20,61% do total, o menor até então.

O problema também ocorre no Nordeste, embora seja menos grave que em 2001. O nível médio dos reservatórios dessa região está em 15,88%, ante 7,84%, medidos em novembro de 2001.

Três usinas estão em situação mais grave: Três Irmãos (rio Tietê) e Ilha Solteira (rio Paraná), em São Paulo, e Três Marias (rio São Francisco), em Minas Gerais.

Gladyston Rodrigues - 22.jul.14/EM/D.A Press
Usina de Três Marias (MG), cujo reservatório está em 2,94%
Usina de Três Marias (MG), cujo reservatório está em 2,94%

Na usina mineira, o reservatório está em 2,94%. Já nas paulistas não há mais nenhum volume útil nos reservatórios. As usinas estão operando a fio d'água –quando a geração é feita de acordo com a vazão do rio.

Isso levou essas usinas a gerar apenas um terço do volume normal de energia nas últimas semanas e a acumular prejuízos por produzir menos do que venderam por meio de contratos.

Ildo Sauer, diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, afirma que este é o momento mais crítico do sistema no ano e que o governo deveria lançar um programa de economia do consumo.

"Já que o governo já foi salvo pelo gongo das eleições, ele deveria ser razoável e lançar um programa de economia de energia. A situação atual é muito semelhante à vista em 2001", diz.

Naquele ano, sob o comando do então presidente Fernando Henrique Cardoso, o governo federal lançou um plano de racionamento, com multa para quem excedesse o limite de consumo.

"Tudo depende do início de novembro", diz Nivalde de Castro, pesquisador da UFRJ.

"Se não chover, será muito difícil manter a segurança do sistema elétrico sem a redução do consumo."


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