Com o pagamento a cinco estaleiros em atraso há dez dias, a Sete Brasil conseguiu liberar nesta sexta-feira (31) R$ 980 milhões na Caixa Econômica Federal para colocar seus compromissos em dia.
A empresa, criada para alugar 28 sondas de perfuração à Petrobras, tem hoje um dos maiores e mais estratégicos contratos da estatal, no valor de US$ 25 bilhões (R$ 61 bilhões). Como não tem os equipamentos, precisa construí-lo para entregá-los à estatal.
A Sete vai usar o dinheiro da Caixa para colocar em dia cerca de R$ 600 milhões pendentes desde 22 de outubro com os estaleiros contratados para fazer as sondas –e ajudar também a pagar as contas de novembro.
Depois disso, precisará de novos empréstimos para não interromper a construção das sondas. Para tanto, negocia mais R$ 800 milhões com o Banco do Brasil.
"Os estaleiros foram avisados de que os pagamentos seriam postergados", disse à Folha o executivo de um dos sócios da Sete. "O dinheiro da Caixa deve ser depositado hoje (sexta) e eles vão receber", afirmou o executivo de um dos fundos que participa da empresa.
A Sete tem entre seus sócios a Petrobras e três bancos privados, BTG Pactual, Bradesco e Santander, além de vários fundos de pensão ligados ao governo: Petros (Petrobras), Funcef (Caixa), Previ (Banco do Brasil), Valia (Vale) e FI-FGTS (Fundo de Investimentos da Caixa).
Procurada, a Sete confirmou o empréstimo por meio de sua assessoria de imprensa, mas não quis falar sobre os atrasos nos pagamentos. A Caixa não se manifestou.
BNDES
A Sete Brasil está financiando suas operações com empréstimos de curto prazo, que costumam ser mais caros, porque ainda não acertou os US$ 14 bilhões (R$ 34 bilhões) que pediu ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e ao BB.
O acerto está demorando porque três dos seis operadores das sondas, que também são sócios minoritários do projeto, tentaram diminuir suas participações.
Dois deles já recuaram e vão deixar tudo como está. O terceiro, que ficaria responsável pela operação de duas sondas, vai sair. A Sete negocia a transferência da tarefa para outra empresa.
As 28 sondas que a Petrobras vai alugar da Sete serão usadas no pré-sal, investimentos mais ambicioso da estatal. O atraso na construção dos equipamentos compromete não apenas a operação da empresa, mas o próprio cronograma do governo.