Folha de S. Paulo


Fundos cambiais lideram ranking de investimento de outubro

A incerteza em torno da eleição presidencial e a reação negativa do mercado financeiro a um novo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) elevaram a volatilidade do dólar no período e, com isso, os fundos cambiais lideraram o ranking de investimentos elaborado pela Folha tanto no mês quanto em 12 meses.

Alternativa para o pequeno investidor que quer aplicar em moeda estrangeira, os fundos cambiais tiveram valorização de 1,26% no mês e de 11,29% em 12 meses.

Os fundos de ações livre -opção para o pequeno investidor que quer aplicar em Bolsa- ficaram na lanterna no levantamento mensal, com queda de 2,32%, e no ranking de 12 meses, quando registraram perda de 2,51%.

A perda foi influenciada pelo desempenho do Ibovespa, principal índice da Bolsa, que também foi afetado pelas turbulências eleitorais e subiu apenas 0,95% em outubro -a alta de 4,38% no pregão desta sexta (31) evitou queda no índice no mês. Em 12 meses, a Bolsa sobe 0,69%.

A inflação projetada para outubro medida pelo IPCA (índice oficial) é de 0,50%, segundo pesquisa mais recente feita pelo Banco Central com economistas. No ano (até setembro, dado mais recente disponível) está em 4,61%, enquanto em 12 meses o avanço é de 6,75%, acima do teto da meta estipulada pelo governo, que é de 6,50%.

O ranking da Folha considera o rendimento das aplicações descontado o Imposto de Renda, quando incidente, para resgate em um mês e após 12 meses. Vale destacar que, quando há perda, o IR não é cobrado. No caso dos fundos de investimento, os cálculos usam como base os dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Além do desempenho mensal, que ajuda a identificar as principais influências sobre os investimentos nesse período, o retorno em 12 meses é considerado por refletir o comportamento dos investimentos em um prazo maior, corrigindo eventuais oscilações de curto prazo. Manter uma aplicação por pelo menos um ano também reduz a alíquota de IR a pagar.

Para tomar uma decisão de investimento, não deve ser levada apenas em conta a rentabilidade passada, pois, como bem alertam os informativos de fundos e outras aplicações, ela não é garantia de rentabilidade no futuro.

DÓLAR

O dólar à vista, referência para o mercado financeiro, fechou outubro com alta de 0,55% e subiu 10,35% em 12 meses.

O cenário político foi o principal responsável pelo desempenho da moeda. A preocupação com o rumo da economia levou a muita especulação e dólar chegou perto dos R$ 2,60.

"O real ficou desvalorizado em relação a outras moedas. As empresas, para se resguardarem, fizeram swap e isso acabou fomentando uma taxa irreal", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

"Mas, passada a tormenta, vamos vendo uma estabilização. A tendência é ficar no patamar de R$ 2,40 e R$ 2,50, mas tudo vai depender da escolha da equipe econômica bem como da política econômica que será adotada", afirma Galhardo.

Para ele, se o escolhido agradar ao mercado, o dólar pode fechar o ano em R$ 2,35.

Além do cenário eleitoral, Riberto Frederico, operador de câmbio atacado da Ourominas, comenta que o cenário internacional, com o Fed sinalizando que vai manter os juros perto de zero e o Copom elevando a taxa básica no Brasil, a tendência é que atraia novos investimentos para o Brasil. "Mas ainda é cedo para avaliar, por enquanto tudo está no campo da especulação", comenta Frederico.

BOLSA

A Bolsa teve, em outubro, um mês de forte instabilidade, após o fortalecimento de Dilma Rousseff na disputa eleitoral e sua posterior vitória.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa, teve alta de 0,95% em outubro. Em 12 meses, a Bolsa sobe 0,69%.

Com isso, os fundos de ações livre –opção para o pequeno investidor que quer aplicar em Bolsa– tiveram queda de 2,32% no mês. Em 12 meses, caem 2,51%.

Na avaliação do analista da Rico, André Morais, a Bolsa foi bastante impactada pelo cenário eleitoral. "Houve muita volatilidade, principalmente em relação aos papéis das estatais, algo que não víamos desde a crise financeira de 2008", diz. "Durante todo o mês, ela subiu e caiu com força", complementa Morais.

O bom desempenho do último pregão do mês, no entanto, acabou zerando as perdas do mês e o Ibovespa fechou no positivo.

Como ficará a Bolsa no restante do ano vai depender do anúncio da equipe econômica e a nova política econômica que será adotada pela presidente Dilma. Enquanto isso, o mercado deve seguir em grande volatilidade.

"Mais importante do que o nome é que o novo ministro da Fazenda tenha autonomia para conduzir a economia da mesma maneira que um economista faria e não de forma política", enfatiza Morais.

Para ele, um reajuste no preço da gasolina também pode trazer impacto no mercado nos próximos meses. "Tudo vai depender do tamanho deste reajuste, o mercado espera algo entre 4% e 5%", diz.

Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos Leandro & Stormer, lembra de uma tendência que vem sendo demonstrada ao longo dos anos tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil: os seis melhores meses do ano para as Bolsas começam no início de novembro e vão até o fim de maio. "Agora, a tendência é de começar um ciclo bom para a Bolsa", considera.

RENDA FIXA, DI e POUPANÇA

Os fundos de renda fixa ganharam 0,76% no mês. Em 12 meses, o avanço é de 8,99%, depois de Imposto de Renda.

Os fundos DI -que investem principalmente em títulos públicos e privados pós-fixados- registraram ganho de 0,68% no mês (já descontado o IR) e de 8,78% em 12 meses. A alta ainda é reflexo das sucessivas elevações da Selic, a taxa básica de juros da economia, ao longo de um ano -entre abril do ano passado e abril deste ano.

Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), realizada nesta semana, a Selic voltou a ser elevada e, agora, está em 11,25% ao ano.

A poupança teve valorização de 0,60% no mês e de 6,99% em 12 meses, tanto para depósitos feitos até 3 de maio de 2012 quanto após essa data. Não há incidência de IR na poupança.

OURO

O ouro encerrou o mês cotado a R$ 93,79 e, com isso, registrou igual queda de 1,27% em outubro e no período de 12 meses.

A queda foi influenciada principalmente pela desvalorização do dólar no Brasil. Para investir em ouro, é possível comprar contratos negociados na BM&FBovespa, que são padronizados em 250 gramas.

"O ouro foi bem sensível a todo o processo eleitoral. Começou o mês negociado a R$ 93 e na segunda-feira após a eleição atingiu o pico de R$ 99,50", diz Maurício Gaioti, trader de ouro da Ouromina. No entanto, no decorrer da semana passada a cotação despencou gradativamente.

O grama hoje está R$ 93,79. Quem quiser comprar uma barra terá de desembolsar R$ 23.447,50. Há corretoras, porém, que oferecem contratos com quantidades menores do metal.

Também é possível optar por fundos que aplicam no metal. É preciso, no entanto, ficar atento à taxa de administração desses fundos e ao valor da aplicação inicial, que pode inviabilizar a entrada do pequeno investidor.


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