Folha de S. Paulo


Bolsa recua em reação às medidas políticas sinalizadas pelo governo

Após subir 3,62% no fechamento de terça-feira (28), o Ibovespa abriu o pregão de quarta-feira (29) com recuo. Por volta das 13h30, o índice apresentava queda de 0,54% aos 52.045,17 pontos.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, é cotado a R$ 2,432, com queda de 1,89%. E o comercial, usado em transações de comércio exterior, recua 1,69%, cotado a R$ 2,432.

Na visão do economista-chefe da Lopes Filho, Julio Hegedus, a queda no mercado nesta manhã reflete o cenário econômico.

"O governo sinalizou uma série de medidas, como controle de mídia e plebiscito para reforma política sem passar pelo Congresso, que se posicionou contra. A queda no mercado hoje está refletindo a reação do Congresso às medidas pretendidas pela presidente", considera Hegedus.

Nesta terça-feira (28), depois de enfrentar resistências de líderes do PMDB, Dilma Rousseff recuou de sua proposta de fazer a reforma política apenas por meio de plebiscito e já admite o referendo. "Esse imbróglio político mexe com o humor do mercado."

Para Hegedus, a demora em anunciar a nova equipe econômica e o novo ministro da Fazenda leva à volatilidade. "Alguns nomes foram cogitados e criaram expectativa no mercado, mas é necessário que haja a definição", destacou Hegedus. "Sabemos que a presidente tem o tempo dela e firma essa posição independentemente da reação do mercado."

JUROS

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central deve divulgar nesta quarta-feira a Selic, taxa básica de juros, dos próximos 45 dias. Esse é um dos principais motivos para a queda do mercado.

Economistas ouvidos pelo BC para oBoletim Focus divulgado na segunda-feira (27) esperam que a taxa seja mantida em 11% ao ano.

ESTADOS UNIDOS

Além disso, o Fomc (comitê de política monetária do Fed, o BC dos EUA) encerra nesta quarta-feira sua reunião e os mercados esperam por declarações que indiquem quando haverá elevação dos juros dos Estados Unidos.

Um eventual aumento nos juros deixa os títulos do Tesouro americano, considerados de baixíssimo risco, mais atraentes aos investidores estrangeiros do que aplicações nos mercados emergentes. Há um receio de que, com tal decisão, haja uma fuga de recursos dos emergentes para os EUA.

Com isso, haveria menor oferta de dólares nesses país, o que, se concretizado, deve pressionar para cima a cotação da moeda americana.

O Fed deve anunciar o fim do programa de compra de títulos para estimular a economia, fechando um capítulo controverso de sua resposta à crise de 2008, embora ainda busque a normalização completa da política monetária.


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