Folha de S. Paulo


BC dos EUA deve encerrar programa de compra de títulos nesta quarta

O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, deve encerrar nesta quarta-feira (29) seu programa de compra de títulos para estimular a economia. Dessa forma, o Fed fecha um capítulo controverso de sua resposta à crise mesmo que ainda lute para a normalização completa da política monetária.

A instituição deve anunciar ao final de dois dias de reunião que não irá mais expandir seu portfólio de títulos do Tesouro americano e de ativos lastreados em hipotecas, finalizando seu programa de compra mensais, hoje em US$ 15 bilhões.

No auge, o programa injetou US$ 85 bilhões por mês no sistema financeiro.

RISCOS E PREOCUPAÇÕES

Embora seja um importante passo simbólico, o fim das compras ainda deixa o Fed longe de uma postura normal. Seu balanço patrimonial inflou para mais de US$ 4 trilhões, a taxa de juros permanece em zero e eventos recentes aumentaram o risco de que o banco central dos EUA possa precisar ainda sustentar a economia por mais tempo do que esperava.

O comunicado que o Fed divulgará às 16h (horário de Brasília) será lido em busca de pistas sobre como a inflação e o crescimento global fracos, e a volatilidade recente nos mercados financeiros influenciaram as autoridades americanas.

Não há uma coletiva de imprensa programada para depois da reunião, nem novas projeções econômicas de autoridades do Fed.

"Eles estão preocupados sobre a economia, a global", e provavelmente vão deixar muito da linguagem intacta em vez de sinalizar uma elevação dos juros, escreveu o analista do Morgan Stanley Vincent Reinhart em uma prévia da reunião.

MERCADO DE TRABALHO

A atenção ficará concentrada em se o comunicado do Fed continuará a fazer referência a uma "significativa" capacidade ociosa no mercado de trabalho dos EUA, e se continuará indicando que os juros permanecerão baixos por um "tempo considerável", como a maioria dos economistas espera.

Em maio, a presidente do BC americano, Janet Yellen, disse que a economia dos Estados Unidos ainda precisava de muito apoio, considerando a ["capacidade ociosa considerável"]":http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/05/1450760-yellen-diz-que-economia-dos-eua-ainda-precisa-de-apoio.shtmliosa no mercado de trabalho.

Yellen acrescentou que a fraqueza no setor imobiliário e tensões geopolíticas representavam riscos.

Embora tenha reconhecido melhoras "apreciáveis" no mercado, ela disse ao Comitê Econômico Conjunto do Congresso que a alta taxa de desemprego de longo prazo e o lento aumento na renda sugeriam espaço para novos ganhos no emprego.

Meses depois, em setembro, o emprego no país cresceu mais do que o previsto e a taxa de desemprego caiu para 5,9%, a menor desde julho de 2008.

De acordo com dados do Departamento do Trabalho, foram criadas 248 mil vagas no mês, acima das 215 mil estimadas pelo mercado financeiro norte-americano.

ECONOMIA

Os membros do Fed têm mantido as perspectivas de que a economia dos EUA irá crescer cerca de 3% neste ano, com a inflação gradualmente avançando de volta a sua meta de 2%.

Entretanto, crescimento global mais lento do que o esperado e a queda dos preços do petróleo colocaram esse cenário para a inflação em dúvida.

Investidores recentemente esperam uma alta dos juros para o final de 2015 como resultado, embora vários membros do Fed tenham dito que acham que o banco central ainda esteja a caminho de elevar os custos de empréstimos em meados do ano que vem.


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