Folha de S. Paulo


Bolsa avança e dólar fecha em baixa no último pregão antes da eleição

A Bolsa brasileira quebrou a sequência de quatro baixas e subiu nesta sexta-feira (24), enquanto o dólar encerrou com queda no último pregão antes da eleição, com os investidores analisando principalmente dados de pesquisas de intenção de voto.

O Ibovespa, que havia zerado os ganhos do ano no pregão de quinta-feira, fechou em alta de 2,42%, a 51.940 pontos. Na semana, a Bolsa acumulou queda de 6,79%, mas no ano voltou a subir (+0,84%). Das 70 ações negociadas no índice, 61 subiram e nove caíram.

O volume financeiro no pregão foi de R$ 10,66 bilhões, um pouco abaixo da média de outubro, de R$ 10,7 bilhões até o dia 23.

No radar dos investidores estiveram três pesquisas eleitorais e uma reportagem da revista "Veja", afirmam analistas.

"O principal fator de influência são as eleições de domingo. Abrimos o dia com uma pesquisa Sensus que colocou o Aécio à frente, resultado diferente do Datafolha e do Ibope. Também vimos notícias em relação ao suposto envolvimento do PT em um caso de corrupção. Tudo isso cria uma expectativa positiva no sentido de a oposição vencer a eleição", afirma Fabio Lemos, analista da São Paulo Investments.

A pesquisa IstoÉ/Sensus, divulgada nesta sexta-feira, mostra Aécio com vantagem em relação a Dilma Rousseff, mas com uma margem menor.

De acordo com o levantamento, o tucano tem 54,6% dos votos válidos, contra 45,4% de Dilma. Na pesquisa anterior, divulgada há uma semana, a vantagem do tucano era maior: 56,4% a 43,6%.

Na quinta-feira, logo após o fechamento do mercado, foram divulgadas duas pesquisas dando vantagem da presidente Dilma em relação a Aécio nas intenções de voto.

De acordo com pesquisa Datafolha, Dilma tem 53% dos votos válidos, contra 47% de Aécio. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A diferença entre eles, portanto, está além dos limites máximos da margem.

Já na sondagem do Ibope, a petista tem 54% das intenções de voto, contra 46% do tucano, considerando apenas os votos válidos.

Outra notícia que pesou foi reportagem da revista "Veja". Segundo a publicação, o doleiro Alberto Youssef, preso desde março em Curitiba (PR), disse em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula tinham conhecimento do esquema de desvio de dinheiro na Petrobras.

Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Corretora, lembra que o movimento desta sexta também pode ser explicado pela sequência de baixas da Bolsa ao longo da semana. "A Bolsa teve uma realização muito forte, caindo 9% em um espaço de tempo curto. O mercado continua na mão dos profissionais. Então hoje a reação foi, em parte, pela realização de lucro registrada durante a semana", diz.

O cenário para segunda-feira vai depender do vencedor de domingo, afirma Cardoso. "Se for confirmada a reeleição de Dilma, a Bolsa deve cair um pouco. Mas não deve chegar a ter um circuit break [quando o pregão é interrompido em caso de queda/alta superior a 10%]. A volatilidade durante o dia vai ser muito grande, principalmente na abertura, não importa se para baixo ou para cima", afirma.

"Se Dilma ganhar, a Bolsa pode cair abaixo dos 50 mil pontos, embora eu não acredite que possa ficar abaixo de 48 mil. Se o Aécio ganhar, há espaço para que a Bolsa volte aos 65 mil pontos", ressalta.

AÇÕES

A maior alta do Ibovespa foi a das ações da Cosan Logística, com valorização de 10,94%. No sentido oposto, os papéis da Fibria tiveram a maior baixa, ao se desvalorizarem 1,66%.

No "kit eleições", as ações preferenciais da Petrobras, as mais negociadas, subiram 5,78%, a R$ 16,30, e os papéis ordinários –que dão direito a voto– registraram alta de 4,32%, a R$ 15,70.

As ações do Banco do Brasil tiveram alta de 3,21%, a R$ 25,75, e as preferenciais da Eletrobras encerraram o dia com valorização de 5,79%, a R$ 9,14. Os papéis ordinários da elétrica subiram 6,67%, a R$ 6,08.

No setor financeiro, os papéis do Itaú Unibanco registraram alta de 2,79%, a R$ 33,15, e os do Bradesco encerraram o dia com valorização de 2,59%, a R$ 33,65.

CÂMBIO

Após fechar cotado a R$ 2,51 na quinta-feira, o dólar recuou nesta sessão também em meio a um maior otimismo com o desempenho da oposição na eleição de domingo. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, caiu 1,51%, a R$ 2,472. Na semana, a moeda americana fechou com valorização de 1,18% em relação ao real.

O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve queda de 2,18%, a R$ 2,458. Foi a maior queda percentual diária desde 18 de novembro de 2013. Na semana, o dólar comercial teve valorização de 1,11% em relação ao real.

Segundo Fabiano Rufato, gerente sênior da mesa de câmbio da corretora Western Union, o dia no mercado cambial também girou em torno do cenário eleitoral. "Não teve nenhum fato novo no exterior e nem interno que pudesse gerar uma queda desse tamanho. A influência foi da reportagem da 'Veja', a pesquisa Istoé/Sensus, que não veio ruim para o Aécio", diz.

"A semana teve volatilidade grande, com oscilações grandes entre máxima e mínima", ressalta. O real ficou em quarto lugar entre as moedas emergentes que mais sofreram desvalorização em relação ao dólar, atrás do rublo russo (-2,76%), do florinte húngaro (-1,68%) e da coroa tcheca (-1,48%).

Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade às atuações diárias no mercado de câmbio, vendendo 4.000 de contratos de swap (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) com vencimentos em 1º de junho, correspondendo a US$ 197,7 milhões. Também foram ofertados contratos para 1º de setembro de 2015, mas nenhum foi vendido.

O BC também realizou mais um leilão de rolagem dos contratos de swap que vencem em 3 de novembro, vendendo 8.000 contratos. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 80% do lote total, equivalente a US$ 8,84 bilhões.


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