Folha de S. Paulo


IBM admite fracasso no desafio de se adaptar à computação em nuvem

A mais recente tentativa da IBM para reformular seus negócios sofreu um golpe nesta segunda-feira (20), quando sua presidente-executiva, Virginia Rometty, reconheceu que seriam necessárias mudanças mais drásticas na companhia para que ela se enquadrasse à revolução da computação em nuvem.

As ações da empresa caíram mais de 7%, depois de ter divulgado um recuo de 4% no faturamento no terceiro trimestre, para US$ 22,4 bilhões. O lucro líquido despencou para US$ 18 milhões, ante US$ 4 bilhões no terceiro trimestre de 2013.

Para agravar, a IBM enfrenta queda na demanda de seus clientes no Brasil, na Rússia e na China, três dos Brics, que incluem Índia e África do Sul. Nesses mercados, o faturamento caiu em 7%.

A queda reduziu em quase US$ 1 bilhão o valor da participação acionária detida por Warren Buffett, o maior acionista da IBM.

O investimento de Buffett na IBM em 2011, seu primeiro em um setor que evitou por muito tempo, foi feito pouco antes de a companhia começar a enfrentar dificuldades.

Outras grandes companhias de tecnologia também estão enfrentando problemas, entre as quais o grupo de software alemão SAP -que afirmou que não conseguirá cumprir suas projeções de lucro- e a Oracle, o que demonstra que mais empresas demoraram a reagir às novas tecnologias de computação em nuvem, diz Patrick Moorhead, analista de tecnologia.

"Elas todas estão enfrentando problemas com os clientes porque estes estão optando pela nuvem."

REPOSICIONAMENTO

Rometty assumiu a presidência-executiva da IBM em 2012, depois que seu predecessor, Samuel Palmisano, foi elogiado por concluir uma reformulação nas operações, reduzindo sua dependência do hardware e reposicionando-a de forma privilegiar o software e serviços.

Mas ela rapidamente se viu em dificuldades em razão da rápida ascensão da nuvem.

Os clientes começaram a pagar por acesso a centrais de processamentos de dados unificadas operadas por empresas como a Amazon, em vez de adquirir tecnologia e serviços de grupos como a IBM para operar centrais de processamento próprias.

"Estamos decepcionados com o nosso desempenho."

Rometty abandonou sua meta de lucro de US$ 20 por ação para 2015 e as metas quinquenais que distinguiam a IBM das demais grandes empresas americanas.
Adotado em 2007, o "plano de rota" quinquenal foi fator-chave para a decisão de Buffett de investir na empresa.

Rometty está sob pressão de analistas de Wall Street para abandonar o plano e admitir que a reforma da IBM seria muito mais difícil do que ela costuma aceitar.

"O plano de rota morreu, o que é positivo", disse Steve Milunovich, analista do UBS. "Eles precisam refazer a companhia. É um esforço demorado, e ainda haverá muito sofrimento a enfrentar."

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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IBM/2013
FATURAMENTO US$ 99,75 bi
LUCRO US$ 16,5 bi
NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS 431 mil
DÍVIDAS US$ 39 bi
PRINCIPAIS CONCORRENTES Oracle, SAP


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