Folha de S. Paulo


Setor automotivo mira acordo com a Colômbia

Com as exportações para a Argentina em queda, e o mercado interno desaquecido, a indústria automobilística se articula para apresentar uma proposta de acordo automotivo com a Colômbia, nas próximas semanas.

O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan, afirmou nesta terça-feira (7) que o setor produtivo deve entregar uma proposta aos governos brasileiro e colombiano até novembro. Ele não deu detalhes do que estará na proposta.

Reportagem da Folha publicada nesta terça informou que, se preparando para um 2015 difícil, as empresas do setor buscam alternativas para melhorar as exportações.

"Estamos trabalhando na abertura de novos mercados, estamos trabalhando especialmente nesse momento com a Colômbia, acredito que ainda em novembro a gente possa apresentar para os dois governos, colombiano e brasileiro, uma proposta do setor privado", afirmou, ao chegar ao Ministério da Fazenda para uma reunião com o secretário de Polícia Econômica, Márcio Holland.

MERCADO INTERNO

O desempenho da indústria automobilística –e da economia brasileira de uma forma geral– depende principalmente do mercado interno, pontuou Moan. O setor tem planos de estimular ainda mais a venda de carros em cidades brasileiras menores, onde o mercado está menos saturado.

"Diferente de alguns outros países que, por questões geoeconômicas, escolheram exportação como base da sua economia, o Brasil tem como motor, sem dúvida nenhuma, o mercado interno. Se estimular o mercado interno, só pode ajudar o crescimento do mercado", disse.

A produção de veículos no Brasil cresceu em setembro impulsionada pela chegada de novos modelos nacionais ao mercado e o aumento de 8% nas vendas entre agosto e o mês passado.

De acordo com dados divulgados na segunda (6) pela Anfavea, foram fabricados 300,8 mil autos em setembro, dado que inclui ônibus e caminhões. O número é 13,7% superior ao registrado em agosto.

Editoria de Arte/Folhapress

PREÇO

Questionado se a redução do preço dos carros no Brasil não seria uma estratégia para reanimar a demanda interna, Moan afirmou que os preços estão relacionados com a cotação do dólar.

"A taxa de câmbio hoje é altamente prejudicial à competitividade do setor", disse. Ele negou, contudo, que os preços sejam caros no país.

Segundo Moan, em 2004 o Brasil tinha o "carro mais barato do mundo".

Ele afirmou ainda que os fabricantes de veículos no Brasil estão cumprindo o acordo de não demissão, em troca da redução do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados).

Não demitir funcionários foi uma das contrapartidas exigidas pelo governo para postergar, por tempo indeterminado, o fim do IPI reduzido.

"Não há nenhuma dificuldade quanto a isso. Férias coletivas, lay off [suspensão dos contratos de trabalho], compensação de banco de horas. São todos mecanismos de proteção do emprego. Está tudo bem."


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