Folha de S. Paulo


Bolsa sobe 6% após reação de Aécio nas eleições; Petrobras dispara 10%

As ações de estatais e de empresas do setor financeiro fazem com que a Bolsa suba 6% nesta segunda-feira (6), um dia após o resultado do primeiro turno das eleições mostrar o candidato Aécio Neves (PSDB) mais forte do que o previsto nas pesquisas eleitorais.

Às 10h36, o Ibovespa subia 5,95%, a 57.783 pontos. No mesmo horário, o dólar registrava desvalorização de 2% em relação ao real. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, perdia 2,33%, a R$ 2,415, enquanto o dólar comercial, usado no comércio exterior, tinha baixa de 1,98%, também a R$ 2,415.

As ações de estatais e de bancos são o destaque desta segunda-feira no principal índice da Bolsa. Às 10h37, os papéis preferenciais da Petrobras, os mais negociados, tinham alta de 10,68%, a R$ 20,31, enquanto os ordinários, com direito a voto, subiam 8,97%, a R$ 19,07, no mesmo horário.

Outras ações de estatais também têm forte alta nesta segunda-feira. Às 10h38, os papéis do Banco do Brasil avançavam 10,68%, a R$ 28,79. As ações preferenciais da Eletrobras subiam 8,20%, a R$ 10,55, e as ordinárias tinham avanço de 11,96%, a R$ 7,11, no mesmo horário.

No setor bancário, os papéis do Itaú subiam 7,48%, a R$ 37,47, às 10h39. As ações do Bradesco registravam forte alta de 9,17%, a R$ 38,57, no mesmo horário.

De acordo com analistas, o mercado reage ao resultado do primeiro turno das eleições, segundo o qual o candidato Aécio Neves teve 33,55% dos votos –34,8 milhões de eleitores–, contra 41,59% da candidata Dilma Rousseff (PT). A votação do tucano foi considerada surpreendente em relação às estimativas de pesquisas eleitorais.

"Essa alta era esperada, principalmente depois do resultado surpreendente do Aécio. Ele diminuiu bastante a diferença em relação à Dilma, e se mostrou mais firme na condição de melhor candidato para vencê-la nas eleições", afirma Eduardo Velho, economista-chefe da gestora de recursos Invx Global.

Desde o início da campanha eleitoral, o mercado financeiro tem reagido positivamente quando a oposição apresenta chances de derrotar a atual presidente. Segundo analistas, os investidores veem com bons olhos a possibilidade de mudança de gestão nas estatais, pois investidores consideram que a atual administração tem tomado medidas intervencionistas.

"O mercado trabalha com a possibilidade de menos intervenção nas estatais. Por isso os papéis de estatais e bancos estão subindo. A ideia é que o Aécio poderia colocar junto ao congresso reformas e retornar à âncora monetária-fiscal para conter a inflação, em vez da atual, baseada majoritariamente no câmbio. Há mais confiança em que a economia seria ajustada", afirma Eduardo Velho.

Segundo ele, apesar da forte alta da Bolsa, o mercado deve reduzir os ganhos e encerrar o dia com valorização mais contida. "O mercado deve dar uma realizada, pois a Bolsa subiu muito nos primeiros negócios", afirma.

Em relatório, André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, avalia que muitos votos da candidata Marina Silva (PSB) devem migrar para Aécio.

"No entanto, sugiro cautela. A presidente Dilma é uma figura que ainda encontra forte apoio popular (alguns diriam o Brasil do Bolsa-Família) e ela está em primeiro nas simulações de 2º turno até então realizadas (lembrando que pesquisas eleitorais se mostraram bastante frágeis em alguns casos este ano)", afirma.

"O Aécio pode subir sim e deve continuar animando os mercados essa semana, mas será um movimento com bastante volatilidade. A alta de 7% do Ibovespa essa manhã não irá se repetir e pode até cair amanhã em parte. Vale lembrar que as Bolsas mundiais estão em alta e que isso explica em parte o movimento de hoje", ressalta.

CÂMBIO

O dólar também reage ao contexto eleitoral nesta segunda-feira. Das 24 divisas emergentes mais importantes, o real é a que mais se valoriza em relação ao dólar.

Nesta manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de contratos de swap cambial (equivalente à venda de dólares no mercado futuro), como parte das atuações diárias. Foram vendidos 2.000 contratos para 1º de junho e 2.000 para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 197,7 milhões.

O BC também vendeu nesta sessão a oferta total de até 8.000 contratos de swap para rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 18% do lote total, equivalente a US$ 8,84 bilhões.


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