Folha de S. Paulo


Após crítica de Cristina, presidente do BC argentino deixa o cargo

Antes de completar um ano no cargo, Juan Carlos Fábrega, presidente do Banco Central da Argentina, renunciou ao seu mandato e será substituído pelo titular da comissão nacional de valores mobiliários, Alejando Vanoli.

Na noite de terça (30), a presidente Cristina Kirchner deu um discurso em que acusou uma conspiração pela especulação contra a moeda argentina, o peso. "É preciso que os órgãos controladores cumpram a sua função. Há milhares de ações no Banco Central sobre ilegalidades de transações com dólares", ela afirmou para a plateia, na qual estava o próprio Fábrega. Ele apresentou sua renúncia na manhã da quarta (1).

Na mídia argentina e entre os consultores econômicos já se falava da possibilidade de ele apresentar sua renúncia.

Em maio, o Banco Central chegou mesmo a publicar uma nota para dizer que ele não havia entregado um pedido de demissão.

Isso tudo seria motivado pela relação entre ele e o ministro da Economia, Axel Kicillof, que se desentenderam diversas vezes. A primeira foi no começo deste ano, após uma desvalorização do peso.

Fábrega teria se queixado à Cristina da falta de uma política anti-inflacionária do Ministério da Economia.

Um outro episódio aconteceu quando o país entrou em calote técnico por causa de uma decisão de um juiz dos EUA. Pouco antes da data chave, 30 de julho, houve uma comitiva de banqueiros que tentou negociar a compra da dívida dos fundos "abutres".

O dinheiro usado seria um fundo garantidor de crédito, que tem uma pequena porcentagem dos depósitos feitos pelos correntistas para evitar quebras. Fábrega estaria envolvido nesse plano, que foi abortado e duramente criticado por Kicillof.

Antes de assumir, em novembro do ano passado, Fábrega havia sido presidente do banco Nación, onde trabalhou por 40 anos.

Alejandro Vanoli, que foi indicado para assumir o cargo, é um economista que já trabalhou no Ministério da Economia e no próprio BC. Ele assume o órgão com reservas internacionais de menos de US$ 28 bilhões e inflação que, pelos números oficiais, passa de 18% em 2014, e, de acordo com o mercado, deve fechar o ano em 40%.


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