Folha de S. Paulo


Próximo governo deve fazer mudança fiscal para evitar rebaixamento, diz S&P

As eleições presidenciais no Brasil não mudam o cenário de risco do país, mas o candidato vencedor precisará implementar mudanças fiscais para evitar uma piora na avaliação brasileira em 2015, segundo a agência de classificação de risco S&P (Standard & Poor's).

Em março, a agência reduziu a nota de avaliação do Brasil de "BBB" para "BBB-". Apesar da queda, a nota do país continua no chamado grau do investimento, ou seja, de mercado considerado seguro para se investir.

Na terça-feira, a Moody's disse considerar difícil rebaixar a avaliação de risco de crédito do país em 2015. Isso considerando que não ocorra uma piora significativa dos indicadores.

O rating ou nota de crédito é uma avaliação sobre as condições que aquele país ou empresa tem de honrar suas dívidas.

"Independentemente de quem ganhe, os desafios no Brasil são grandes. Estamos esperando ver uma certa mudança de política que indique, especialmente, uma melhora na estrutura fiscal como um todo, como um aumento na expectativa do superávit primário, ou qualquer outro sinal de que a dinâmica vai mudar e deixar de piorar, que é o que está acontecendo agora", afirmou Roberto Sifon-Arevalo, diretor executivo e analista de ratings de finanças públicas para a América Latina, em conferência com jornalistas.

"É claro que mudar não é simples, várias coisas terão de acontecer, coalizões precisarão ser construídas para passar as reformas necessárias para essas mudanças. Agora, temos uma perspectiva estável [para a nota do Brasil] e veremos o que vem depois das eleições."

CENÁRIO

O rebaixamento, em março, refletia a combinação da situação fiscal difícil no Brasil com a perspectiva de baixo crescimento nos próximos anos, além de uma piora nas contas externas.

Desde então, não houve melhora no cenário. A expectativa para o crescimento da economia neste ano foi reduzida e é virtualmente impossível que o país consiga cumprir a meta de superávit primário, de 1,9% do PIB, neste ano.

Na terça-feira, o Tesouro Nacional divulgou que a economia do governo para pagar os juros da dívida soma, até agosto, R$ 10,2 bilhões. A meta é de R$ 99 bilhões para 2014.

"A vitória de quem quer que seja trará consequências e também reações do mercado. Já vimos algumas dessas reações a pesquisas de intenção de votos nos últimos dias", afirmou, em referência às oscilações na Bolsa de Valores e no câmbio provocadas pela alta da candidata à reeleição Dilma Rousseff na pesquisa Datafolha.

"É assim que o mercado financeiro funciona, há muito interesse de curto prazo envolvido. Nós tentamos olhar mais a longo prazo, olhar para as políticas que estão sendo implementadas."

Editoria de Arte/Folhapress

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