Folha de S. Paulo


Bolsa tem pior mês desde maio de 2012 com guinada de Dilma

A Bolsa brasileira registrou, nesta terça-feira (30), o segundo dia de baixa e o pior mês desde maio de 2012, enquanto o dólar teve a maior valorização desde setembro de 2011 devido às pesquisas que mostram a recuperação da presidente Dilma Rousseff (PT) na disputa eleitoral.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, caiu 0,93%, a 54.115 pontos. No mês, o índice registrou desvalorização de 11,70%, a maior para um mês desde maio de 2012, quando o Ibovespa caiu 11,86%. No ano, a Bolsa ainda sobe 5,06%.

Após subir mais de 1% na véspera, o dólar reduziu a intensidade da alta nesta terça. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, avançou 0,31%, a R$ 2,454. O dólar comercial, usado no comércio exterior, encerrou o dia com queda de 0,32%, a R$ 2,449.

Apesar disso, foi a maior alta mensal para o dólar desde setembro de 2011.

O fator eleitoral pesou novamente no Ibovespa nesta terça-feira, com os investidores digerindo a pesquisa CNT/MDA de segunda-feira e atentos à divulgação de novas sondagens ainda hoje.

O levantamento da CNT/MDA mostrou a atual presidente mais distante da segunda colocada, Marina Silva (PSB). Dilma tem 40,4% das intenções de voto no primeiro turno, contra 25,2% da ex-ministra do Meio Ambiente. Aécio Neves (PSDB) surge com 19,8% da preferência.

"Hoje à noite tem mais pesquisa saindo. A queda da Bolsa de hoje também pode ser atribuída a um ajuste de carteiras", afirma Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Corretora.

Está prevista a divulgação de dados do Ibope e do Datafolha para as próximas horas.

Os papéis de estatais como Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobras voltaram a ter perdas nesta terça-feira. As ações preferenciais da petrolífera, as mais negociadas, caíram 2,15%, a R$ 18,20, e as ordinárias perderam 1,97%, a R$ 17,40. As ações do Banco do Brasil fecharam o dia com desvalorização de 6,67%, a R$ 25,46.

As ações preferenciais da Eletrobras, por sua vez, tiveram alta de 0,49%, a R$ 10,21, e as ordinárias tinham desvalorização de 4,51%, a R$ 6,57.

Os papéis do setor bancário também fecharam o dia com desvalorização. As ações do Itaú Unibanco caíram 2,62%, a R$ 34,14, e as do Bradesco perderam 1,93%, a R$ 35.

INDICADORES

No Brasil, dados de indústria ajudam a aumentar o mau humor dos investidores, de acordo com analistas. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) brasileira recuou 2,8% em setembro sobre agosto, marcando a nona queda seguida e indo ao menor patamar desde março de 2009, em meio à atividade fraca do setor.

O indicador atingiu 81,1 pontos neste mês, contra 83,4 pontos no mês anterior, quando havia caído 1,2%, informou a FGV (Fundação Getulio Vargas) nesta terça-feira (30).

"Ao final do terceiro trimestre, a atividade industrial mantém-se fraca. O setor se mostra insatisfeito com o ambiente de negócios e pessimista quanto à possibilidade de mudanças no horizonte de três a seis meses", disse o superintendente adjunto para ciclos econômicos da FGV/IBRE, Aloisio Campelo Jr.

Outro dado divulgado hoje foi o quarto deficit consecutivo nas contas do Tesouro Nacional. No mês passado, as despesas com pessoal, programas sociais, custeio administrativo e programas sociais superaram as receitas em R$ 10,4 bilhões, no pior resultado para o período desde o Plano Real.

"Há uma grande incerteza se o governo vai conseguir atingir a meta de superavit primário. Os gastos claramente mostram uma política fiscal expansionista", afirma Eduardo Velho, economista-chefe da gestora re recursos Invx Global.

CÂMBIO

O dólar teve um dia bastante instável. "Vimos o céu e o inferno. O dólar bateu R$ 2,463 e caiu para R$ 2,446. O mercado ficou sem rumo basicamente o dia inteiro", afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

Para ele, a instabilidade da moeda americana também foi influenciada pela formação da taxa Ptax, calculada pelo BC e que serve de referência para diversos contratos cambiais. "No começo da manhã, houve uma pressão para que o dólar subisse, privilegiando a cotação maior para formar uma taxa maior nos contratos de swap cambial. Na virada do mês, os investidores usam a data para fazer a composição da carteira", explica.

Por enquanto, o Banco Central não anunciou novo leilão de contratos de swap cambial (equivalentes à venda futura de dólares), para rolagem. A autoridade monetária rolou praticamente 100% do lote que vence em 1º de outubro, e o próximo lote vence em 3 de novembro, com volume equivalente a US$ 8,84 bilhões.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4.000 contratos de swap pelas atuações diárias, com volume correspondente a US$ 197,3 milhões. Foram vendidos 2.000 contratos para 1º de junho e 2.000 para 1º de setembro de 2015.

Com Reuters


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