Folha de S. Paulo


Bolsa cai pelo segundo dia sob peso de estatais e bancos; dólar sobe

As ações de empresas estatais e de bancos pressionam a Bolsa brasileira nesta terça-feira (30) e fazem com que o principal índice do mercado acionário local, o Ibovespa, opere em baixa pelo segundo dia seguido, enquanto os investidores aguardam a divulgação de novas pesquisas sobre a corrida eleitoral no Brasil.

Às 10h37, o Ibovespa caía 1,41%, a 53.854 pontos, no menor patamar desde 8 de julho deste ano. Após subir mais de 1% no pregão de segunda-feira, o dólar tem alta moderada nesta terça-feira. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, sobe 0,36%, a R$ 2,455, enquanto o dólar comercial, usado no comércio exterior, tem baixa de 0,04%, a R$ 2,456. Ambos mantêm o menor nível desde 9 de dezembro de 2008.

A queda da Bolsa ainda é fruto de pesquisas que apontam o fortalecimento da candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) na disputa eleitoral, de acordo com analistas. Hoje, os investidores aguardam a divulgação de duas pesquisas: Ibope e Datafolha.

"A queda mostra uma aversão ao risco e proteção dos investidores com a nova guinada da Dilma, que mostra maior probabilidade de ela vencer no segundo turno, além da volta da possibilidade de que ela possa vencer no primeiro turno. São dois eventos que estavam praticamente descartados pelo mercado", avalia Eduardo Velho, economista-chefe da gestora de recursos Invx Global.

Na segunda-feira, pesquisa CNT/MDA mostrou a atual presidente mais distante da segunda colocada, Marina Silva (PSB). Dilma tem 40,4% das intenções de voto no primeiro turno, contra 25,2% da ex-ministra do Meio Ambiente. Aécio Neves (PSDB) surge com 19,8% da preferência.

No segundo turno, Dilma tem 47,7% das intenções de voto. Marina aparece com 38,7%. Na semana passada, as duas candidatas estavam tecnicamente empatadas. A candidata petista tinha 42% das intenções enquanto a pessebista estava com 41%.

Na sexta-feira, a pesquisa Datafolha já confirmava a recuperação de Dilma no cenário eleitoral.

"O que está acontecendo, me parece, é um movimento em que parte do voto anti-PT que foi para a Marina em determinado momento agora está retornando para o Aécio [Neves, PSDB] para verificar quem vai mesmo para o segundo turno", afirma Eduardo Velho.

"Tendo em vista esse cenário, acredito que a Dilma vai estabilizar essa semana ainda. O grau de rejeição dela continua acima de 40%. Não vejo ela vencendo no primeiro turno. A rejeição limita essa possibilidade", afirma.

Os papéis de estatais como Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobras ajudam a derrubar o índice hoje. Às 10h39, as ações preferenciais da petrolífera, as mais negociadas, caíam 3,44%, a R$ 17,96. As ordinárias tinham perda de 3,60%, a R$ 17,11. No mesmo horário, as ações do Banco do Brasil tinham perda de 6,23%, a R$ 25,59.

Às 10h24, as ações preferenciais da Eletrobras caíam 2,26%, a R$ 9,93, e as ordinárias tinham desvalorização de 3,34%, a R$ 6,65.

As ações do setor bancário também contribuíam para a baixa da Bolsa brasileira. Às 10h40, os papéis do Itaú Unibanco sofriam queda de 3,42%, a R$ 33,86, e os do Bradesco perdiam 4,17%, a R$ 34,20.

INDICADORES

No Brasil, dados de indústria ajudam a aumentar o mau humor dos investidores, de acordo com analistas. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) brasileira recuou 2,8% em setembro sobre agosto, marcando a nona queda seguida e indo ao menor patamar desde março de 2009, em meio à atividade fraca do setor.

O indicador atingiu 81,1 pontos neste mês, contra 83,4 pontos no mês anterior, quando havia caído 1,2%, informou a FGV (Fundação Getulio Vargas) nesta terça-feira (30).

"Ao final do terceiro trimestre, a atividade industrial mantém-se fraca. O setor se mostra insatisfeito com o ambiente de negócios e pessimista quanto à possibilidade de mudanças no horizonte de três a seis meses", disse o superintendente adjunto para ciclos econômicos da FGV/IBRE, Aloisio Campelo Jr.

Outro dado divulgado hoje foi o quarto deficit consecutivo nas contas do Tesouro Nacional. No mês passado, as despesas com pessoal, programas sociais, custeio administrativo e programas sociais superaram as receitas em R$ 10,4 bilhões, no pior resultado para o período desde o Plano Real.

"Há uma grande incerteza se o governo vai conseguir atingir a meta de superavit primário. Os gastos claramente mostram uma política fiscal expansionista", afirma Eduardo Velho, da Invx Global.

CÂMBIO

Por enquanto, o Banco Central não anunciou novo leilão de contratos de swap cambial (equivalentes à venda futura de dólares), para rolagem. A autoridade monetária rolou praticamente 100% do lote que vence em 1º de outubro, e o próximo lote vence em 3 de novembro, com volume equivalente a US$ 8,84 bilhões.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4.000 contratos de swap pelas atuações diárias, com volume correspondente a US$ 197,3 milhões. Foram vendidos 2.000 contratos para 1º de junho e 2.000 para 1º de setembro de 2015.

Com Reuters


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