Folha de S. Paulo


Pet shop móvel permite se livrar do aluguel e até cobrar mais caro

Observando quanto seu cãozinho schnauzer fazia de manha toda vez que tinha de entrar no carro para ir até o pet shop tomar banho, Carlos Ricardo Junior, 46, pensou em um negócio que resolvesse seu problema.

Três anos depois, a sua empresa, a Studio Pet Móvel, atua com três vans equipadas para fazer banho e tosa nos cachorros na porta de casa ou dentro de condomínios na região do ABC (Grande São Paulo). A quarta deve começar a rodar no mês que vem.

A opção por um pet shop sobre rodas, ainda pouco explorada no Brasil, deve se tornar mais frequente, segundo avaliação do consultor Jefferson Braga, da Petconsult.

Uma das vantagens do modelo, segundo Braga, é uma possível redução de custos, quando se compara os gastos de financiamento e adaptação de uma van com os custos de um empresário para alugar e reformar um espaço para pet shop comum.

Gustavo Epifanio/Folhapress
Karla Alencar Rodrigues, que tem uma pet shop no interior de uma van em São Paulo
Karla Alencar Rodrigues, que tem uma pet shop no interior de uma van em São Paulo

"Não é que seja preciso transformar tudo em van, mas ela dá a oportunidade de cobrar um pouco mais, porque o cliente tem o benefício de não ter de se locomover e de poder assistir o banho."

Além disso, o veículo serve como uma ferramenta de propaganda, por ser incomum na paisagem das cidades, diz Nelo Marraccini Neto, vice-presidente da unidade de comércio e serviços do Instituto Pet Brasil.

Mas a opção tem seus desafios, como o trânsito da cidade de São Paulo.

Karla Alencar Rodrigues, 44, dona da van Aracê Embelezamento, conta que, para não perder tempo parada no meio do caminho entre um animalzinho e outro, separa cada dia da semana para atender a uma região diferente da cidade.

Outro risco é o de quebra do carro. Rodrigues diz que, neste mês, teve um gasto inesperado de R$ 1.200 para consertar sua van, o que a fez também perder um dia de trabalho. Em três anos de negócio, ela gastou cerca de R$ 160 mil com a compra e a manutenção do veículo.

Se, por um lado, o número de atendimentos diários fica limitado pelos deslocamentos que se consegue fazer, o ganho por serviço aumenta: Junior conta que um banho que sairia por R$ 25 em um pet shop convencional custa cerca de R$ 50 em sua empresa.

A veterinária Vandra Machado, 39, sócia da clínica Miau Auau, na cidade de Santa Maria (RS), também decidiu assumir o volante.

O veículo da empresa, que está em circulação desde o início do ano, também serve para banho e tosa, mas a maior parte do faturamento que ele traz vem dos atendimentos veterinários. O investimento total no projeto foi de R$ 100 mil.

"É bastante, mas com isso não estamos gastando com aluguel. E, mesmo com a depreciação do veículo, não deixa de ser um bem que poderemos vender um dia."


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