Folha de S. Paulo


Para governo, desistência da Oi não atrapalha leilão de internet 4G

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e o presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), João Rezende, disseram nesta terça (23) que a desistência da Oi não prejudicará o leilão da internet 4G, marcado para o dia 30.

"Fiquei sabendo da desistência. Notícia ruim. Achávamos que eles fariam o maior esforço para participar", afirmou o ministro. "Vamos em frente com o leilão", completou.

De acordo com Paulo Bernardo, a desistência é ruim tanto para o mercado quanto para a Oi.

"Sempre acho melhor quatro empresas concorrendo que três. Ruim para Oi que fica limitada no 4G", destacou.

Já João Rezende, presidente da agência reguladora, reforçou que o leilão está mantido.

"A faixa de 700 MHz é importantíssima para qualquer player que queira atuar no mercado brasileiro. Mas a desistência da Oi não muda nada no processo", avaliou.

Paulo Bernardo e João Rezende não comentaram os efeitos dessa desistência para a arrecadação do governo. Ambos ressaltaram apenas que uma mesma empresa pode comprar mais de um lote em oferta. Portanto, a saída de uma competidora não significa, necessariamente, que um dos lotes não será arrematado.

A área econômica do governo tinha grandes expectativas sobre o leilão 4G. Com sucesso das vendas na primeira rodada seria possível arrecadar ao menos R$ 7,7 bilhões.

Esse montante é aguardado para compensar parte do efeito da queda na arrecadação sobre as finanças públicas.

OI

A Oi é a única grande empresa de telecomunicações do país que não registrou interesse em participar do segundo leilão do país de internet 4G.

A empresa surpreendeu o mercado ao publicar na manhã desta terça-feira (23) um fato relevante na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) afirmando que já tem infraestrutura disponível "para atender à crescente demanda por dados móveis" de seus clientes.

No comunicado, defendeu que seu "diversificado portfólio" permite prover serviços de voz e dados "de forma competitiva" e destacou que, no futuro, poderá utilizar uma outra faixa, atualmente em uso para internet 2G, para ampliar e modernizar seus serviços de internet, sem dar mais detalhes.

A empresa reforçou também que a nova faixa só poderá ser usada a partir de 2019 (uma das reclamações feitas pelo setor ao leilão) e que, com isso, prefere manter sua estratégia de investir na melhoria da qualidade, projetos estruturantes de sua rede e no aumento de sua cobertura.

REGRAS

Todas as demais grandes empresas do setor -Claro, Vivo e TIM-, além da empresa Algar, se inscreveram no pregão. A Nextel, por sua vez, fica de fora do leilão.

Não houve nenhuma empresa estrangeira cadastrada, assim como também não se cadastrou a Sercomtel, empresa brasileira de menor porte com sede no Paraná, que tinha sua participação dada como aposta do governo.

Pelas regras da Anatel, todas as empresas interessadas em participar do segundo leilão de internet 4G (cerca de dez vezes mais rápida que a 3G) deveriam entregar suas propostas em envelopes fechados nesta terça-feira (23).

O leilão será realizado na sede da Anatel, em Brasília. Apenas no dia do pregão os envelopes podem ser abertos.


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