Folha de S. Paulo


Crescimento econômico em 2014 é 'decepcionante', diz Banco Mundial

O presidente do Banco Mundial (BM), Jim Yong Kim, disse nesta sexta-feira (19) que o ano de 2014 está "decepcionante" em relação ao crescimento econômico, mas "não desastroso", e se mostrou preocupado pela incerteza geral que afeta economias na Europa, Japão e Brasil.

"Foi outro ano decepcionante. Em algum momento nossas projeções de crescimento eram de 3,2% em nível global e agora são de 2,7%", comentou Jim Yong Kim em um debate na Austrália que antecedeu a reunião de ministros de Economia e governadores dos bancos centrais que começa no sábado (20), na cidade australiana de Cairns.

Kim destacou a melhora na economia americana, que registra um crescimento contínuo de seus indicadores, mas por outro lado disse que "a Europa ainda preocupa muito", apesar da aparente estabilidade dos países ao sul do continente.

"Acho que há preocupações em torno da deflação e há muita incerteza, em parte devido à crise na Ucrânia e Rússia", apontou Kim, que acrescentou que se piorar as tensões, o impacto da questão na economia será muito maior.

Com relação ao Japão, o presidente do BM assinalou que o governo fez grandes esforços para encaminhar o país para o crescimento mediante suas iniciativas econômicas, mas afirma que ainda há muitas incertezas sobre a economia.

EMERGENTES

Kim indicou que muitos países de renda média também apresentam incertezas, ao mencionar a desaceleração da economia do Brasil, e por sua vez pediu aos líderes da China, que cresce de forma estável (a 7,5% ao ano), a para que se concentrem nas reformas necessárias.

No Brasil, a previsão para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) tem sido sistematicamente reduzida pelos principais analistas do mercado financeiro desde junho. No último Boletim Focus, pesquisa realizada semanalmente pelo Banco Central com analistas, a projeção para o crescimento da economia foi rebaixada pela 16ª vez, para 0,33%.

Para 2015, os economistas preveem um incremento de 1,04% no PIB.

Na segunda-feira (15), a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) também rebaixou a perspectiva de crescimento do país para 0,3%.

Em seu discurso na Austrália, o presidente do BM defendeu ainda a atuação combinada de crescimento econômico e criação do emprego, particularmente entre as mulheres e os marginalizados como uma fórmula para derrotar a pobreza.

Neste contexto, o especialista lembrou que o BM tem como objetivo acabar com a extrema pobreza para o ano 2030, um objetivo que precisa para se alcançar "a prosperidade compartilhada".

EVENTO

O presidente do BM participará neste fim de semana em Cairns, no nordeste australiano, da reunião realizada pelos ministros de Economia e os governadores dos bancos centrais dos países –membros do G20 e convidados, preparatória da cúpula do grupo em novembro, também na Austrália.

O G20 se comprometeu em fevereiro a impulsionar o crescimento mundial em 2% acima das previsões até 2018, mas as previsões de crescimento puseram dúvidas sobre o cumprimento deste objetivo.


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