Folha de S. Paulo


Bolsa cai com incerteza sobre juros nos EUA e cenário político no Brasil

Ainda sob o efeito da reunião de política monetária do banco central americano na véspera, o principal índice da Bolsa brasileira abriu esta quinta-feira (18) em queda. Os investidores também operam na expectativa pela divulgação de pesquisa Datafolha, prevista para esta semana, segundo o TSE (Tribunal Superio Eleitoral).

Às 10h35 (de Brasília), o Ibovespa tinha desvalorização de 0,89%, para 58.580 pontos. O volume financeiro era de R$ 469 milhões. Ontem, após a autoridade monetária dos EUA ter mantido a taxa básica de juros daquele país em seu menor patamar histórico, perto de zero, a presidente da instituição, Janet Yellen, afirmou que o comunicado não é promessa firme sobre o intervalo de tempo certo para iniciar a elevação dos juros.

A fala trouxe cautela ao mercado, uma vez que um aumento deixaria os títulos do Tesouro dos EUA, que são remunerados pela taxa e considerados de baixíssimo risco, mais atraentes que aplicações em emergentes, provocando uma migração de recursos desses mercados de volta à economia americana.

Na cena interna, os papéis do setor financeiro, elétrico e estatais continuam com forte instabilidade enquanto os investidores esperam pela pesquisa Datafolha, segundo analistas. Apenas nos três últimos pregões, por exemplo, a ação preferencial (sem direito a voto) da Petrobras registrou valorização de 9,83%, refletindo a expectativa e o resultado do levantamento Ibope, divulgado na última terça.

A pesquisa Ibope mostrou queda nas intenções de voto para a presidente Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB). Por outro lado, Aécio Neves (PSDB), o terceiro colocado na disputa pela Presidência da República, ganhou espaço na corrida eleitoral.

Às 10h35, o papel preferencial da Petrobras perdia 2,48%, a R$ 21,57. Outras estatais também devolviam ganhos recentes, como o Banco do Brasil, que tinha desvalorização de 0,54%, a R$ 33,02. Já a ação ordinária (com direito a voto) da Eletrobras mostrava baixa de 2,16%, para R$ 7,69.

Entre os bancos, o Itaú Unibanco mostrava recuo de 1,53%, a R$ 38,53, enquanto o papel preferencial do Bradesco perdia 1,69%, a R$ 38,75. Na contramão, o Santander liderava os ganhos do Ibovespa, com alta de 1,94%, a R$ 16,31. O banco anunciou nesta quinta que realizará no dia 30 de outubro a OPA (Oferta Pública de Aquisição) pelos 24,75% que não controla da filial brasileira.

No setor elétrico, a Copel caía 1,43%, para R$ 35,26. O conselho de administração da empresa paranaense de energia aprovou a criação da Paraná Gás Exploração e Produção, sociedade de propósito específico que irá atuar em atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural convencional em blocos da Bacia do Paraná.

CÂMBIO

No câmbio, o dólar tem nesta quinta o segundo dia seguido de valorização sobre o real. Segundo operadores, os investidores estão usando o quadro de incertezas sobre a política monetária dos Estados Unidos e as eleições no Brasil para testar a tolerância do Banco Central ao fortalecimento da moeda americana.

Às 10h35, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 1,02% sobre o real, cotado em R$ 2,369 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava 0,50%, para R$ 2,370.

O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4.000 contratos de swap (operação que equivale a uma venda futura de dólares), sendo 1.500 com vencimento em 1º de junho de 2015 e 2.500 com vencimento em 1º de setembro de 2015, pelo total de US$ 197,8 milhões.

Até o final da manhã, a autoridade vai promover mais um leilão para rolar até 6.000 swaps com vencimento em 1º de outubro deste ano. O BC já rolou, por enquanto, cerca de 35% do lote total de contratos com prazo para o primeiro dia do mês que vem.

Com Reuters


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