Folha de S. Paulo


Analfabetismo cede em 2013, mas 13 milhões não sabem ler nem escrever

A taxa de analfabetismo entre pessoas com mais de 15 anos cedeu, no ano passado, de 8,7% para 8,3%.

Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (18) pelo IBGE, apesar da redução contínua nas últimas duas décadas, ainda existem no Brasil 13 milhões de pessoas que não sabem ler nem escrever.

O número havia subido em 2012, despertando preocupação de especialistas. A redução em 2013 afasta o risco de eventual reversão do avanço que estava em curso no país desde o início dos anos 1990. Mas sugere, porém, certa dificuldade em baixar ainda mais o analfabetismo.

Editoria de Arte/Folhapress

Mais da metade dos analfabetos (53%) do país está na região Nordeste, onde 16,6% da população com mais de 15 anos não sabe ler nem escrever.

O problema é mais presente entre pessoas com mais de 60 anos -quase um quarto das pessoas dessa faixa etária (23,9%) são analfabetas. Mas o fenômeno também não foi extinto entre a população mais jovem.

Segundo o IBGE, o analfabetismo aflige 4,6% das pessoas com idade entre 30 e 39 anos e 2,3% da população com idade entre 25 e 29 anos.

Além desse contingente, outros 17,8% da população com mais de 15 anos -ou 27,9 milhões de pessoas-, são consideradas pelo IBGE "analfabetas funcionais". São pessoas que têm menos de quatro anos de estudo e enfrentam dificuldades para ler e escrever. O resultado mostra um leve recuo em relação ao verificado em 2012.

Novamente, o problema é mais grave na região Nordeste. Mas também no Sudeste 12,9% das pessoas com mais de 15 anos são consideradas analfabetas funcionais.

ESCOLARIDADE

Os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) mostram, por outro lado, que segue aumentando o tempo médio dedicado ao estudo. O ritmo é lento: entre 2012 e 2013, a média subiu de 7,5 para 7,7 anos.

O IBGE detectou que, na região Nordeste, a média de anos de estudo é quase dois anos inferior à verificada entre as pessoas que moram na região Sudeste: 6,6 anos contra 8,3 anos de estudo.

A disparidade entre as regiões desaparece quando se observa o que acontece com quem está entrando na escola. É na região Nordeste onde está o maior percentual de crianças com idade entre 4 e 5 anos estudando.

O percentual de crianças com essa faixa etária na escola chega a 86,9% no Nordeste. No Sudeste, o número é de 84,9%.

O problema mais grave da educação no Brasil ainda está no ensino médio. O IBGE identificou que 15% dos jovens com idade entre 15 e 17 anos estão fora da escola. Nesta idade, eles deveriam estar cursando o ensino médio ou um curso técnico.

O percentual é praticamente igual ao verificado um ano antes (84,2%). Desde 2008, esse número está estagnado.

Segundo Fernando Veloso, pesquisador da Fundação Getulio Vargas, cerca de 4 entre 10 estudantes do ensino médio estão atrasados.

"O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) mostrou que não está havendo avanço também do ponto de vista da qualidade", afirmou.


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