Folha de S. Paulo


Dona da Brahma ganhará espaço em países emergentes com SABMiller

A cervejaria belgo-brasileira AB InBev tenta concretizar o antigo desejo de comprar a rival SABMiller. Caso a operação (que pode chegar a US$ 122 bilhões segundo o "Wall Street Journal"), seja concluída, a fabricante deve ganhar espaço em países-chave dos mercados emergentes.

A companhia ainda tenta levantar recursos com bancos para colocar a aquisição em prática. Se as negociações seguirem adiante, a compra da SABMiller poderá ser a maior já registrada em todos os setores, ultrapassando, inclusive, a transação que deu origem à AB InBev, em 2008, no valor de US$ 52 bilhões.

A notícia fez as ações da britânica dispararem 10% na Bolsa de Londres nesta segunda-feira (15). Os papéis da AB InBev subiram 3% em Nova York. No Brasil, as ações da Ambev avançaram 3,75%.

Os rumores de uma possível fusão entre as empresas se intensificaram após a holandesa Heineken divulgar um comunicado rejeitando uma proposta de compra apresentada pela SABMiller.

Kim Hong-Ji/Reuters
Cerveja produzida pela Korea's Oriental Brewery Co, adquirda pela AB InBev em 2014; companhia belgo-brasileira faz planos para comprar sua principal rival no mercado de bebidas
Cerveja produzida pela Korea's Oriental Brewery Co, adquirida pela AB InBev em 2014; companhia belgo-brasileira faz planos para comprar a SAB Miller, sua principal rival no mercado de bebidas

Para analistas, a tentativa de comprar a Heineken pode ser interpretada como uma defesa da companhia inglesa a uma oferta de compra da AB InBev. E a estratégia deve continuar. Segundo o "Wall Street Journal", a SABMiller poderá fazer uma nova oferta pela cervejaria holandesa, que viu suas ações subirem 1,3% em Amsterdã.

As três empresas envolvidas no que tem sido chamado de "guerra das cervejas" são as maiores do mundo. A AB InBev é a líder global, com participação de mercado de 20%, à frente da SABMiller (9,6%) e da Heineken (9,3%), segundo dados de 2013 da consultoria Euromonitor.

AVANÇO REGIONAL

Essa não é a primeira vez que circulam informações sobre uma possível união entre AB InBev e SABMiller. Ao menos desde 2011 rumores vêm e vão sobre a eventual fusão.

Mas a atual dinâmica do mercado favorece a conclusão de grandes fusões. "O foco das empresas hoje é a possibilidade de se abrir mercados", afirma Adalberto Viviani, da Concept consultoria, especializada no setor.
Como as cervejarias traçaram a meta de vender marcas globais, acessar um grande número de países é fundamental para ganhar o jogo.

Nesse sentido, a fusão entre AB Inbev e SABMiller é bem complementar. A britânica tem uma forte presença no mercado africano, onde a rival está praticamente fora.

Além disso, a compra da SABMiller também levaria a AB InBev à liderança em mercados-chave da América do Sul, como Peru e Colômbia.

O interesse nos países emergentes se justifica. Na última década, 80% do crescimento de volume no mercado de cervejas veio da África e da Ásia, onde os consumidores ainda preferem comprar marcas regionais -segmento no qual a SABMiller se destaca, com cerca de 200 rótulos em seu portfólio.

Hoje, a AB InBev é líder em vendas de cerveja em EUA, Canadá, México, Argentina, Bélgica, Reino Unido e Brasil. Neste ano, conquistou também a Coreia do Sul, após comprar a Oriental Brewery.

Mas, para ter a fusão aprovada por órgãos reguladores, ela pode ter de se desfazer de parte dos ativos da SABMiller nos EUA e China. Procurada, a empresa não comentou.

Editoria de arte/Folhapress
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