Folha de S. Paulo


Acionistas do Santander aprovam aumento de capital para comprar unidade brasileira

Os acionistas do Santander aprovaram, em assembleia extraordinária nesta segunda-feira (15), a emissão de até € 4,7 bilhões em um aumento de capital para adquirir a fatia que o banco espanhol ainda não possui na unidade brasileira.

Serão emitidas até 665 milhões de ações do banco na operação, o que representa 5,62% do Santander.

Na assembleia, a nova presidente do Conselho de Administração do Santander, Ana Botín –que assumiu o cargo após a morte de seu pai, Emilio Botín, declarou que a aprovação da oferta para comprar os 24,75% do Santander Brasil fortalece a política de diversificação do grupo, considerada "chave para consolidar essa nova fase de crescimento de nossos lucros".

Durante o evento, Ana Botín manifestou confiança na recuperação da economia brasileira. De acordo com a executiva, o país "superará o período de desaceleração econômica pelo qual está passando".

A presidente do conselho sinalizou que a transação permitirá ao banco um crescimento nos lucros nos próximos anos "graças às perspectivas favoráveis de nosso banco no Brasil".

Sobre seu possível sucessor no comando do Santander Reino Unido, do qual era presidente antes de assumir a operação global do banco, a executiva não quis fazer comentários, mas indicou que uma decisão será tomada em breve.

Cesar Manso/AFP
Presidente do conselho do Santander, Ana Botín mostrou confiança na recuperação da economia brasileira
Na assembleia do Santander, Ana Botín mostrou confiança na recuperação da economia brasileira

A decisão do Santander tem como objetivo concentrar a liquidez dos papéis na Espanha. A compra será paga com ações do próprio Santander espanhol.

Os acionistas que aceitarem a oferta receberão, para cada unit do Santander Brasil, 0,7 papel do Santander Espanha, que pode ser ADR (recibos de ações brasileiras negociados em Nova York) ou BDR (recibos de ações estrangeiras negociados na Bovespa). Eles serão cotados tanto na Bolsa de São Paulo quanto na de Nova York.

EMILIO BOTÍN

Em sua primeira aparição pública como presidente do conselho do Santander, Ana Botín protagonizou um discurso emotivo ao defender o legado de seu pai, apostando em continuar com a estratégia de diversificação do grupo e priorizando a política de dividendos.

"Em seus cerca de trinta anos na presidência do banco, ele colocou o Santander como primeira entidade da zona do euro e um dos primeiros dez bancos do mundo em capitalização de mercado", afirmou em tributo ao seu pai, Emilio Botín, morto na última terça-feira após um ataque cardíaco, aos 79 anos.

"A atenção a vocês [acionistas] foi sempre uma de suas prioridades e o dividendo, objeto principal de atenção para o banco", afirmou a executiva, nomeada presidente do conselho na quarta-feira (10) por unanimidade, após ressaltar que seguiria com tal estratégia.

Diante de possíveis reservas expressadas por parte de alguns investidores quanto ao fato de o banco seguir comandado por um membro da família Botín pela quarta geração, a nova presidente do conselho se limitou a dizer que foi nomeada a partir de uma proposta da comissão de nomeações e "em linha com os mais altos padrões de governança corporativa".

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Santander Brasil/1º sem. de 2014
Margem financeira R$ 13,686 bilhões
Lucro líquido R$ 1,046 bilhão
Número de funcionários 48 mil
Principais concorrentes Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil


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