Folha de S. Paulo


Mundo 'não pode abrir mão' de combustíveis fósseis, diz instituto

O mundo dependerá dos combustíveis fósseis para atender 75% da demanda mundial por energia até 2040 e, por isso, "não dá para abrir mão desses recursos", disse o secretário-geral do IBP (Instituto Brasil de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), Milton Costa Filho.

O comentário foi uma resposta ao pedido de que analisasse o fato de que o programa de governo da candidata a presidência Marina Silva, divulgado na semana passada, propõe o "realinhamento" da política energética para dar prioridade às fontes renováveis, e praticamente não faz menção à exploração e produção de petróleo no pré-sal.

O IBP representa as empresas de exploração e produção que atuam no Brasil e tem como presidente de seu conselho a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.

"O mundo hoje tem 1,3 bilhão de pessoas sem acesso a energia. A dependência das fontes renováveis para atender a demanda mundial é uma realidade atestada por diversas instituições mundiais que estudam o tema. Não da para aumentar a produção de energia sem contar com essas fontes", disse, em reunião para apresentação da Rio Oil&Gas, 2014 que acontece entre os dias 15 e 18, no Rio.

Esses 75% serão atendidos por petróleo, gás natural e carvão, na mesma proporção, afirma Costa Filho.

O pré-sal é alvo de parte significativa dos investimentos da Petrobras atualmente, e um dos alvos preferenciais de ação da política energética do governo da presidente Dilma Rousseff.

No debate dos presidenciáveis organizado pela Folha, SBT, Uol e Rádio Jovem Pan, nesta segunda-feira (1°), Marina disse que defendia um maior incentivo às fontes renováveis, e que isso não competia com a exploração de petróleo, que, segundo ela, seria mantida.

CRÍTICAS A CONTEÚDO LOCAL

Em relação à exigência de conteúdo local mínimo nos projetos de petróleo e gás, Filho disse que "um ajuste vai ter que ocorrer".

Caso isso não ocorra, diz, o preço a ser pago é a perda de competitividade da indústria.

"Os investimentos em exploração e produção de petróleo destinados à indústria nacional saíram de US$ 6 bilhões para US$ 35 bilhões desde que a política foi iniciada [em 2003]. A indústria local não cresceu nessa proporção. As consequências são preço maior, queda de qualidade e, no fim, perda de competitividade", disse.

"Chega um ponto em que as empresas preferem pagar multa por não ter atingido o conteúdo local a ter que atrasar um projeto porque a indústria nacional não consegue atender de forma competitiva. Em um cenário pior, o conteúdo local pode inviabilizar um projeto", disse, sem citar nomes de empresas.


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