Folha de S. Paulo


Auditoria se recusa a aprovar contas do Banco Espírito Santo

A auditora KPMG se recusou a aprovar o relatório e as contas do primeiro semestre do resgatado Banco Espírito Santo (BES), publicados nesta segunda-feira (1º), citando a falha do banco em fornecer informações adequadas sobre sua posição financeira. A empresa também alertou para possíveis prejuízos adicionais.

O relatório consolidado do BES confirmou prejuízo de quase 3,6 bilhões de euros (R$ 10,6 bilhões), revelado pela primeira vez em 30 de julho, em grande parte devido à sua exposição ao império corporativo em desmoronamento da família fundadora Espírito Santo.

As perdas forçaram o banco central português a agir no dia 3 de agosto com um plano de resgate de 4,9 bilhões de euros (R$ 14,42 bilhões) para o maior banco do país, usando fundos públicos.

O BES foi divido em duas instituições: Novo Banco, que ficou com a parte saudável e que receberá dinheiro novo; e o "banco ruim", que terá os créditos problemáticos e seguiu com os atuais acionistas -família Espírito Santo, o francês Crédit Agricole e até o brasileiro Bradesco.

O banco novo receberá os 4,9 bilhões de euros em recursos, garantindo os depósitos e os empréstimos dos clientes. Todos os funcionários, agências e rede eletrônica ficam com o banco novo.

FALTA DE INFORMAÇÕES

A KPMG, que foi contratada para fazer a auditoria dos resultados, disse em um relatório publicado junto às demonstrações financeiras do BES que estas não forneciam quaisquer ajustes e informações adicionais exigidas como resultado do resgate.

A KPMG disse que isso significa que o relatório do BES não fornece mais informações adequadas sobre as operações e a posição financeira do BES.

A empresa de contabilidade disse que "a classificação, possibilidade de recuperação e realização dos ativos, como também de pagamentos de suas dívidas registradas nos resultados financeiros em 30 de junho são incertos".

A KPMG disse também que o critério de avaliação dos ativos do BES transferidos ao Novo Banco ainda não estão claros.

MAIS CONTINGÊNCIAS

A KPMG acrescentou que as provisões feitas pelo BES para lidar com a dívida do grupo Espírito Santo vendida a seus clientes de varejo podem não ser suficientes e que o banco arrisca ter de fazer mais contingências, que até agora não foram especificadas.

A nova administração do banco –instalada pelo banco central português em julho – disse suspeitar que ocorreram comportamentos ilegais no banco. O BC de Portugal ordenou uma auditoria forense no BES.


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