Folha de S. Paulo


Sem acordo, Petrobras e Braskem prorrogam contrato por seis meses

Petrobras e Braskem não conseguiram chegar a um acordo sobre o reajuste do preço da nafta e prorrogaram as condições do contrato atual por seis meses. Dessa maneira, a disputa que opõe as duas gigantes só será resolvida após as eleições presidenciais.

A petroleira estava pleiteando um reajuste de 5% a 10% no preço da nafta, com o objetivo de repassar os custos da importação do combustível, que é o principal insumo da cadeia petroquímica.

A Petrobras elevou o porcentual de nafta importada e passou a destinar uma fatia maior de sua produção para a gasolina. A estatal tenta minimizar as perdas, já que o governo não tem permitido reajustes da gasolina.

A prorrogação do contrato foi a única maneira encontrada de evitar o fechamento de duas centrais petroquímicas: Mauá (SP) e metade da produção de Camaçari (BA), que passariam a operar com prejuízo se fosse aplicado o reajuste pedido pela Petrobras.

A interrupção do funcionamento dessas unidades significaria uma queda de 35% na produção da Braskem, impactando diversos setores que utilizam produtos petroquímicos como insumo.

Leonardo Wen - 06.jan.10/Folhapress
Unidade petroquímica da Braskem, em Mauá, na região metropolitana de São Paulo
Unidade petroquímica da Braskem, em Mauá, na região metropolitana de São Paulo

GATILHO

As duas empresas assinaram ontem de manhã um aditivo ao contrato atual. Era o último dia útil antes do fim do contrato, que expirava no domingo. Agora vale até fevereiro de 2015.

Não é a primeira vez que as gigantes recorrem a um aditivo por não conseguirem superar o impasse. Em fevereiro deste ano, já haviam prorrogado o contrato por seis meses.

Dessa vez, no entanto, há uma cláusula de retroatividade. Se chegarem a um acordo sobre um reajuste no futuro, o porcentual será aplicado retroativamente desde setembro deste ano.

Na prática, pode significar mais um represamento de reajustes de preço no país, que já está deixando para depois das eleições a correção dos preços da energia elétrica e da própria gasolina.

"Esse aditivo evitou a paralisação iminente da produção de centrais petroquímicas, o que trataria graves consequências. A Braskem segue empenhada na identificação de uma solução estrutural que permita a assinatura de um contrato de longo prazo com a Petrobras que assegure a competitividade", informou a companhia petroquímica por meio de nota.


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