Folha de S. Paulo


Bolsa opera no azul com avanço de Marina na corrida pelo Planalto

O resultado da pesquisa Ibope divulgada na noite passada anima os investidores nesta quarta-feira (27), reduzindo a pressão sobre o câmbio e ajudando o principal índice da Bolsa brasileira a se sustentar em seu maior nível desde janeiro de 2013.

O levantamento apontou vitória da candidata Marina Silva (PSB) sobre a presidente Dilma Rousseff (PT) em um segundo turno da eleição de outubro: Marina teria 45% das intenções de voto, enquanto Dilma ficaria com 36%.

Às 11h45 (de Brasília), o Ibovespa registrava valorização de 0,98%, para 60.409 pontos. O volume financeiro era de R$ 2,276 bilhões. Segundo analistas, uma possível troca de governo é vista com bons olhos pelos investidores, que têm dado sinais de insatisfação com o gerenciamento das estatais pelo atual governo e com o fraco crescimento econômico.

As ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras ganhavam 1,69%, a R$ 22,21 cada uma. O Banco do Brasil mostrava alta de 2,60%, a R$ 32,25. Já os papéis ordinários (com direito a voto) da Eletrobras avançavam 1,99%, a R$ 7,66 cada um.

Nesta manhã, pesquisa do instituto MDA encomendada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) revelou que, num eventual segundo turno entre Dilma e Marina, a candidata do PSB venceria por 43,7% a 37,8%. Em simulação de segundo turno entre Dilma e Aécio Neves (PSDB), a presidente que busca a reeleição ganharia com 43% ante 33,3% do tucano.

Investidores também digerem o debate dos presidenciáveis na TV Bandeirantes, na noite de ontem, no qual Marina Silva prometeu governar unindo o Brasil em contraposição à polarização PT x PSDB, enquanto o tucano Aécio Neves se apresentou como a mudança segura e a presidente Dilma Rousseff procurou defender as realizações de seu governo.

"Com os dados da pesquisa [Ibope, divulgados na noite de ontem,] ainda acreditamos numa reação favorável à Bolsa hoje, muito mais por fluxo do que por fundamento. Porém, boa parte do resultado da pesquisa já está contemplado no nível do Ibovespa", diz o analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, em relatório.

TELES

Além das estatais, ganhavam força nesta quarta-feira as ações do setor de telecomunicações. A Oi subia 5,97%, para R$ 1,42, às 11h45, após a companhia ter assinado contrato com o banco BTG Pactual para fazer uma oferta e adquirir a participação da Telecom Italia na TIM. Os papéis da TIM, por sua vez, ganhavam 6,64%, a R$ 12,20 cada um.

"O EV [valor de mercado] hoje da TIM é de R$ 28,6 bi, sem considerar um prêmio de controle. Já a Oi possui um endividamento na casa de R$ 47 bi, ainda bastante alavancada, 4,7 vezes a relação entre dívida líquida e Ebitda. Em suma, o endividamento da Oi hoje torna a operação bastante complexa, dada a alavancagem da companhia", avalia Kim.

As ações da Telecom Italia tinham alta de 3,59% na Bolsa de Milão, enquanto os papéis da Portugal Telecom, que está em processo de fusão com a Oi, disparavam 6,84% na Bolsa de Lisboa.

Em sentido oposto, a Vale via sua ação preferencial cair 0,39%, para R$ 27,53, na esteira de mais um dia de baixa nos preços do minério de ferro negociados no mercado chinês. A China é o principal destino das exportações da mineradora brasileira.

CÂMBIO

No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha desvalorização de 0,31% sobre o real, às 11h45, cotado em R$ 2,263 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, operava estável em R$ 2,264.

O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4.000 contratos de swap (operação que equivale à uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 197,5 milhões.

A autoridade também promoveu um outro leilão para rolar os vencimentos de 10 mil contratos de swap previstos para 1º de setembro, por US$ 494,4 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 80% dos papéis com prazo para o primeiro dia do mês que vem.

Com Reuters


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