Folha de S. Paulo


Governo quer que financiamento para veículos suba 20%

Preocupado com o desempenho do setor de veículos, no qual o crédito ao consumidor encolher no primeiro semestre, o Banco Central criou uma espécie de "meta de vendas" para os bancos.
Quem elevar em 20% a média diária dessas operações de financiamento até dezembro poderá descontar os empréstimos do dinheiro retido no BC (compulsório).

O crédito para compra de veículos é um dos focos das medidas anunciadas nesta quarta (20) pelo governo. O setor preocupa o Palácio do Planalto porque está em processo de demissões e pode prejudicar a campanha de reeleição da presidente.

Em 12 meses até junho, o volume de crédito para compra de veículos caiu 3,7%, para R$ 186,6 bilhões.

Editoria de Arte/Folhapress

Em outra frente, o Ministério da Fazenda atendeu uma das principais reclamações das instituições financeiras: a dificuldade em recuperar veículos de pessoas com prestações em atraso. Com a nova medida, fica dispensado o protesto para comprovação de inadimplência, bastando uma carta registrada.

Atualmente, os bancos levam até dois anos a partir da notificação para retomar o bem, afirmou Paulo Caffarelli, secretário-executivo do ministério. Segundo ele, o tempo pode cair para três meses.

O setor automobilístico enfrenta queda nas vendas, aumento do estoque e de demissões. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos) estima que haverá uma queda de 5,4% no licenciamento de carros neste ano.

Luiz Moan, presidente da Anfavea, afirmou que as novas medidas premiam as pessoas que pagam as prestações em dia, "ao contrário do marco regulatório anterior, que beneficiava o inadimplente".

Em relação ao pacote do BC, Moan disse que o aumento de recursos é positivo e terá efeitos diretos e indiretos na economia como um todo.

A Fenabrave (associação de revendedoras) estima que a facilitação na recuperação de carros de inadimplentes aumentará a aprovação do crédito em torno de 20%, o que representa 30 mil vendas de veículos a mais por mês.

Hoje, são aprovados 150 mil financiamentos por mês.

"Com mais crédito à disposição, aumenta a comercialização, a produção, os empregos, a captação de impostos e, por fim, se reduzem os juros", disse Flavio Meneghetti, presidente da Fenabrave.

MANTEGA

Ao anunciar as medidas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a economia não está "patinando" e reafirmou que o sistema financeiro do país está entre os mais sólidos -o que permitiria o afrouxamento de medidas para conter o risco.

"Estamos em pleno emprego, estamos, em julho e agosto, com economia em gradual aquecimento", disse.

Segundo Mantega, as medidas anunciadas melhorarão o crédito gradualmente.

"Essas medidas são de âmbito regulatório, melhoram o ambiente econômico, reduzem custo."


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