Folha de S. Paulo


Bolsa sobe na contramão do mercado europeu, impulsionada pela Petrobras

A Bolsa de Valores brasileira opera em alta nesta quarta-feira (20), na contramão do mercado europeu, ainda impulsionada pelas especulações dos investidores a respeito das eleições.

O bom humor no mercado permitiu que o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, chegasse a ultrapassar os 59 mil pontos no fim da manhã, sustentado pela alta de ações da Petrobras e, em menor medida, de bancos com o Itaú e o Bradesco. Às 12h32, o Ibovespa avançava 0,51%, a 58.748 pontos.

As ações ordinárias da petroleira, que dão direito a voto, subiam 1,77% cotadas, a R$ 20,04, às 12h32. Já as preferenciais, de maior liquidez, tinham alta de 1,81%, a R$ 21,29.

Segundo o analista chefe da Spinelli Corretora, Elad Revi, o avanço nos papeis da Petrobras ainda tem sido estimulado por especulações sobre um possível segundo turno nas eleições presidenciais.

Esse viés favorável, contudo, estaria dando os primeiros sinais de fraqueza. Para o analista, a alta pode estar sendo sustentada pelo desempenho da petroleira no segundo trimestre do ano. "Entendo que o mercado, num primeiro momento, especula. Mas, depois, racionaliza", diz, "E o último resultado da Petrobras mostrou que ela vem conseguindo convergir às suas metas", afirma.

Os bancos, que têm um peso significativo na composição do Ibovespa, permanecem próximos à estabilidade nesta quarta, depois de ganhos relevantes no pregão de terça (19). As ações do Itaú e do Bradesco chegaram a cair durante a manhã, mas às 12h32 operavam em alta.

As preferenciais do Itaú subiam 0,07%, negociadas a R$ 37,56. Já as do Bradesco tinham avanço de 0,21%, a R$ 37,58. Para Revi, parte dos investidores aproveitou para realizar os ganhos obtidos ontem, "mas as que têm peso relevante no índice (Ibovespa) conseguem se estabelecer bem". Itaú é o papel com maior peso na atual composição do Ibovespa.

Para Raphael Figueiredo, analista da Clear Corretora, as medidas adotadas nesta quarta pelo Banco Central para ampliar o crédito no varejo foram pouco sentidas no mercado financeiro. Para ele, "o fluxo de hoje é resultado de um movimento de compra que já começou na semana passada". O processo tem elevado o preço das ações do Itaú e do Bradesco, que renovaram máximas históricas, segundo o analista.

ELÉTRICAS

As empresas do setor elétrico têm registrado alta generalizada nesta quarta-feira. Às 12h32, as ações ordinárias da Eletrobras subiam 1,01%, cotadas a R$ 6,95, e as preferenciais tinham alta de 1,52%, a R$ 11,29.

Os papeis de tipo ordinário da Cemig tinham alta de 1,44%, a R$ 19,67 e as ações preferenciais avançavam 1,92%, a R$ 19,57.

De acordo com Revi, o setor tem sido beneficiado pelos reajustes recentes, autorizados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) em algumas cidades. Nesta terça-feira (19), a agência permitiu um aumento de até 20% nas contas de energia da capital federal.

NATURA

A Natura liderava a alta no Ibovespa às 12h32, com alta de 3,41% e papeis cotados a R$ 41,51.

O forte avanço marca a saída de Alessandro Carlucci da presidência da companhia, cargo que ocupou por dez anos. O sucessor é Roberto Lima de Oliveira, que atuou no conselho de administração da empresa entre 2012 e 2014.

MERCADO EXTERNO

A principal agenda econômica do dia é a divulgação da ata do Fomc, comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano.

Os investidores esperam que o documento traga pistas sobre quando e como a autoridade monetária dos Estados Unidos voltará a elevar a sua taxa básica de juros, que atualmente é mantida em nível próximo a zero.

As bolsas norte-americanas abriram o pregão em baixa, na expectativa da ata do Fed e antecipando resultados fracos das empresas de varejo Lowe's e Target.

Às 12h40, o índice Dow Jones tinha alta de 0,21%, para 16.955 pontos. O S&P 500, por sua vez, subia 0,09% a 1.983 pontos, e o índice de tecnologia Nasdaq avançava 0,02% para 4.528 pontos.

Na Europa, os mercados seguem em baixa, influenciados pela turbulência geopolítica relacionada à Ucrânia.

As Bolsas demonstram uma preocupação crescente com as sanções da União Europeia à Rússia. Nesta quarta, a cervejaria dinamarquesa Carlsberg anunciou que terá o resultado trimestral afetado pela decisão do bloco europeu. Cerca de 35% dos lucros da companhia são gerados na Rússia.

A Carlsberg serviu, então, de exemplo aos mercados do que poderá vir a ocorrer com os resultados financeiros de outras companhias europeias.

O índice FTSE 100, da Bolsa de Londres, seguia em baixa de 0,35% e 6.755 pontos às 12h42. O DAX, de Frankfurt, caía 0,23%, a 9.315 pontos, e o CAC 40, da França, recuava 0,37% para 4.238 pontos.

CÂMBIO

No Brasil, o dólar comercial, utilizado em negociações do comércio exterior, apresentava alta de 0,22% às 12h35, chegando a R$ 2,255.

Segundo Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, a desvalorização do real ante o dólar está relacionado às expectativas em relação à ata do Fed e o momento político-econômico do Brasil.

"O real se ajustou, acompanhando o movimento lá fora. Estamos praticamente em linha com o mercado internacional", afirma. "O que está no radar dos investidores é a expectativa de mudança da política monetária do Fed".

O dólar à vista, referência para operações do mercado financeiro, recuava 0,08%, a R$ 2,255, às 12h43.

O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, com o leilão de 4.000 contratos de swap (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 197,4 milhões.

A autoridade monetária realizou ainda um novo leilão para rolar 10 mil contratos de swap com vencimento previsto para 1º de setembro, por US$ 493,1 milhões.


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