Folha de S. Paulo


Exportação recorde de carne ganha força com decisão da Rússia, diz Abiec

A habilitação de mais unidades de carne bovina do Brasil pela Rússia e abertura para vendas de miúdos e tripas aos russos vão dar impulso adicional às exportações da indústria brasileira, que já trabalha com perspectiva de recordes em receita e volumes exportados em 2014.

"Com certeza, o volume no segundo semestre vai ser superior ao que tivemos até agora", disse à Reuters o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Fernando Sampaio.

O governo russo anunciou na véspera que permitirá um aumento significativo das vendas de carne e laticínios do Brasil, depois dos embargos impostos aos produtos dos Estados Unidos e União Europeia pela Rússia, em meio à crise da Ucrânia.

O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, atrás dos Estados Unidos.

Apesar de considerar "extremamente positivo" para a indústria brasileira, o executivo da Abiec não fez uma estimativa de aumento nas exportações brasileiras em função da demanda adicional da Rússia.

RECORDE

A Abiec estima que a indústria feche 2014 com recordes, acima de 1,8 milhão de toneladas e receita perto de 8 bilhões de dólares.

O número de unidades habilitadas a exportar para a Rússia, passou de 31 para 89 plantas após o movimento russo contra o Ocidente.

"Para a rentabilidade da indústria é muito importante", acrescentou.

A Rússia foi o segundo maior importador de carne bovina do Brasil no primeiro semestre, com 143,3 mil toneladas, atrás de Hong Kong, que comprou 192,3 mil toneladas.

A Rússia vinha importando de 25 a 30 mil toneladas de carne bovina em média por mês no primeiro semestre, disse Sampaio, mas em julho este volume já saltou para 40 mil toneladas.

"Isso já é um sinal de um interesse maior da Rússia pelo Brasil", disse.

Segundo ele, os Estados Unidos estavam exportando poucos volumes para a Rússia, por conta de barreiras técnicas.

HONG KONG

A Rússia costumava ser um dos principais destinos para a carne bovina brasileira, mas no ano passado, diante de um crescimento significativo da demanda asiática, perdeu espaço para Hong Kong –que recebe a carne brasileira e redireciona para outros mercados como a China e outros países na região.

Sampaio lembrou que o Brasil sai beneficiado neste momento por conta das intensas negociações com compradores russos, feitas em conjunto com o Ministério da Agricultura, que resultaram em ajustes na produção para atender à demanda desses compradores.

Nos últimos anos, a Rússia veio ao Brasil diversas vezes e sempre explicitou muito bem as exigências sanitárias, que tipo de controles eles queriam, tanto para o país (defesa agropecuária) como para as plantas industriais, segundo o executivo.

"Neste período, as indústrias trabalharam bastante para atender às exigências russas. Então, todas elas criaram planos de ação e medidas corretivas. E, nesta semana, culminou com esta visita que os técnicos do Brasil fizeram na Rússia, quando eles aceitaram o que o Brasil propôs", disse Sampaio.


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