Folha de S. Paulo


Incêndio destrói armazém de açúcar da Cosan no porto de Santos

Um incêndio que começou neste domingo (3) destruiu 15 mil toneladas de açúcar em um armazém da Cosan no porto de Santos, disse a empresa nesta segunda-feira (4), enquanto bombeiros realizavam o rescaldo no local e investigavam o que provocou o incidente.

O incêndio tem potencial para causar algum atraso nas exportações brasileiras de açúcar.

O armazém 10, no terminal 19, aparentava estar destruído, com o telhado caído. Um dos equipamentos para carregar açúcar nos navios, chamado de shiploader, conectado ao armazém atingido, e uma esteira de transporte também pareciam estar inutilizados.

A capacidade de armazenagem do armazém era de 18 mil toneladas do produto, segundo a Cosan, que opera em Santos por meio de sua divisão de logística, a Rumo. A capacidade total dos armazéns da empresa no porto paulista é de 500 mil toneladas.

A Rumo tem dois terminais em Santos, o 16 e o 19, e um total de cinco equipamentos para carregar navios. O terminal 16 não foi afetado pelo fogo e permaneceu operacional, disse a Cosan.

A assessoria de imprensa da empresa disse que as operações no terminal foram mantidas e que a Rumo deveria carregar um navio ainda na tarde desta segunda-feira.

As 15 mil toneladas perdidas no incêndio são equivalentes a um terço da capacidade de um navio dos que atracam usualmente em Santos.

delamonica/Futura Press/Folhapress
Incêndio de grande proporção atinge armazém de açúcar no Porto de Santos, no litoral de São Paulo

OPERACIONAL

A Cosan, maior produtora de açúcar do Brasil, ressaltou em nota que o terminal 16 "permanece operacional, não tendo sido atingido pelo fogo".

A empresa não informou, no entanto, o impacto do incêndio para sua capacidade de recebimento e embarque de açúcar.

PREÇOS

O açúcar negociado na bolsa de Nova York chegou a registrar alta de 5,6% no início da manhã, em uma reação às primeiras informações sobre o incêndio, mas fecharam a sessão com queda de 0,2%, a 16,32 centavos de dólar por libra-peso. Operadores citaram os pequenos danos e a falta de urgência na demanda por açúcar do Brasil.

INCÊNDIO

A Cosan disse que cerca de cem funcionários trabalhavam no local na tarde de domingo, quando o fogo começou.

Não houve relato de feridos no local.

Um gerente da Rumo que pediu para não ser identificado afirmou que um shiploader ficou inutilizado, enquanto outro pode ter sido danificado. A companhia tem um total de cinco shiploaders em Santos e poderia usar outros de terminais vizinhos.

"O fogo foi contido. Há ainda alguns focos pequenos, mas nós esperamos estar com tudo limpo até a tarde de hoje", disse à Reuters o capitão Marcelo Medeiros, do Corpo de Bombeiros, no local do incêndio.

Ao longo da manhã, funcionários da Rumo eram vistos jogando água dentro do armazém X.

Os danos no terminal da Rumo, que pode exportar 12 milhões de toneladas anualmente, têm menor potencial de preocupar o mercado do que outro incêndio, ocorrido no ano passado em terminal da Copersucar (leia mais abaixo). Os estragos do incêndio podem interromper os carregamentos no curto prazo e atrasar as operações.

"O que temos de informação inicial é muito pouco, mas parece que o prejuízo para a operação de açúcar não deve ser muito grande", disse a analista Nicolle Castro, da SA Commodities, que monitora o movimento de navios de açúcar nos portos brasileiros.

"Não há congestionamento no porto. Qualquer atraso na Rumo não deve causar filas", estimou ela.

O Brasil, maior produtor e exportador mundial de açúcar, está no meio da safra de cana do Centro-Sul, que deve produzir entre 32 milhões e 34 milhões de toneladas de açúcar, levemente abaixo das estimativas iniciais, devido ao impacto de uma seca no início do ano.

COPERSUCAR

Em outubro do ano passado, um outro incêndio causou grandes estragos no terminal de exportação da Copersucar, maior comercializadora de açúcar do mundo.

O terminal da Copersucar, que ainda recebe reparos pelo incêndio de outubro, fica próximo aos armazéns da Rumo.

Até junho, a Copersucar já havia restaurado cerca de metade de sua capacidade anual de 10 milhões de toneladas de exportação via Santos, tendo conseguido realocar parte dos carregamentos para outros terminais, incluindo o da Rumo.

A Copersucar estima conseguir voltar à capacidade normal em seu terminal depois de fevereiro de 2015.


Endereço da página: