Folha de S. Paulo


Banco diz que não vai transferir pagamento depositado pela Argentina

Em carta enviada aos fundos da dívida reestruturada da Argentina nesta quinta (31), o Bank of New York Mellon confirmou que, por determinação da Justiça americana, não vai transferir o pagamento dos US$ 539 milhões depositados pela Argentina no fim de junho. O documento confirma o calote técnico, pelo país, desta parte da dívida.

O vencimento desta parcela era ontem (30). Como o governo argentino não conseguiu um acordo com os fundos que não aceitaram reestruturar sua parte da dívida em 2005 e 2010, ele também não pode pagar o grupo que aderiu à renegociação -e que soma 92% dos detentores de seus títulos.

"A decisão da Corte proíbe o banco de distribuir os fundos aos credores", diz a carta do BNY Mellon. "O banco continua com os fundos parados nas contas do Banco Central [argentino]. Os fundos permanecerão lá até uma nova ordem da Corte", completa, ressaltando que não se sabe quando haverá uma nova decisão do tribunal sobre a movimentação do dinheiro.

O BNY Mellon diz ainda que "não tem obrigação de gastar, adiantar ou arriscar seu próprio dinheiro" para fazer a transferência aos credores sob o risco de ser acionado judicialmente. Os US$ 539 milhões correspondem a uma parcela da dívida dos credores em euros e em dólares.

ACORDO COM BANCOS

Apesar de o governo argentino não ter chegado a um acordo com os credores litigantes, o ministro da Economia, Axel Kicillof, não descartou nesta quarta (30) que uma solução seja alcançada por "terceiros".

Os bancos privados argentinos ofereceram uma proposta aos credores litigantes, liderados pelo NML, para comprar 100% dos títulos destes últimos, o que evitaria o calote.

Em troca, os credores concordariam em interceder por uma suspensão da execução da sentença ante a Justiça americana, dando a chance de a Argentina pagar a parcela dos títulos reestruturados (e que está congelada).
A expectativa era de que o NML e os bancos privados argentinos seguissem com suas negociações nesta quinta-feira, em Nova York. O fundo NML, contudo, não confirmou o encontro.


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