Folha de S. Paulo


Dólar sobe mais de 1% e supera R$ 2,25 antes da decisão do BC americano

O dólar sobe mais de 1% sobre o real nesta quarta-feira (30) e supera a marca de R$ 2,25 com investidores à espera da decisão de política monetária do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, nesta tarde.

O receio é que a autoridade americana sinalize que irá aumentar os juros naquele país antes do previsto. A ideia foi reforçada após o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA ter acelerado 4% no segundo trimestre deste ano, sugerindo que a economia já está em condições de caminhar com as próprias pernas.

Segundo operadores, o mercado espera que o Fed avance em seu plano de reduzir as compras mensais de títulos para estimular a economia. Espera-se que o incentivo seja novamente cortado em US$ 10 bilhões, para US$ 25 bilhões mensais. Assim, o programa será encerrado até o final do ano.

A taxa de juros, no entanto, é a principal preocupação, mesmo que a presidente da instituição, Janet Yellen, tenha reafirmado recentemente que os juros só devem voltar a subir nos EUA em 2015.

Uma elevação nos juros americanos deixaria os títulos do governo daquele país -que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco- mais atraentes do que aplicações em emergentes. E, com a possível fuga de investimentos estrangeiros dos emergentes, a cotação do dólar em relação às moedas desses países tende a subir, refletindo a menor oferta.

Às 15h (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 1,34% sobre o real, cotado em R$ 2,258 na venda –maior nível desde 17 de junho deste ano. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, subia 1,16%, para R$ 2,257.

As intervenções do Banco Central no câmbio não foram suficientes para impedir a alta do dólar. A autoridade deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 4.000 contratos de swap (que equivale à uma venda futura de dólar), por US$ 198,8 milhões.

O BC também promoveu outro leilão para rolar 7.000 contratos de swap que vencem em 1º de agosto, por US$ 345,5 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 70% dos contratos com prazo para o primeiro dia do mês que vem. Amanhã, o Banco Central fará um leilão de linha de até US$ 2,5 bilhões.

RENDA VARIÁVEL

Na renda variável, o principal índice da Bolsa brasileira ronda a estabilidade com os investidores em compasso de espera pelo Fed e a divulgação de nova pesquisa eleitoral Ibope, prevista para hoje, segundo o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O Ibovespa cedia 0,2%, às 15h, para 57.007 pontos. O volume financeiro era de R$ 3,437 bilhões.

O índice chegou a subir 0,56% mais cedo, após o PIB dos EUA, deixando em segundo plano a performance do mercado de trabalho no setor privado dos EUA em julho. Embora tenham sido criados 218 mil novos postos de trabalho no período em questão, acima da expectativa de 215 mil, o dado ficou abaixo das 281 mil vagas registradas no mês anterior.

Aqui, as expectativas eleitorais seguem influenciando os papéis de estatais. A Petrobras via suas ações preferenciais, sem direito a voto, subirem 1,73%, às 15h, para R$ 19,96.

A Cielo liderava as perdas do Ibovespa após o resultado do segundo trimestre acusar maiores despesas operacionais, embora lucro líquido tenha crescido, apoiado em forte resultado operacional. A queda era de 3,84%, às 15h, para R$ 42,55.

Na ponta positiva do Ibovespa, as ações da Telefônica Brasil apareciam entre as maiores altas, após o lucro líquido da empresa entre abril e junho ficar mais que duas vezes maior que o obtido um ano antes, impulsionado por ganhos fiscais resultantes da entrada em vigor da medida provisória 627. O avanço era de 2,42%, para R$ 46,17.

Já os units (conjuntos de ações) do Santander lideravam os ganhos entre os 71 papéis que compõem o Ibovespa, com valorização de 3,01%, para R$ 15,76 cada um. O banco confirmou hoje, em nota enviada à CVM, que está negociando a compra do Banco Bonsucesso para aumentar suas operações em crédito consignado.


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