Folha de S. Paulo


Bolsa brasileira opera em queda com ajuste após ganhos

A Bolsa brasileira opera em baixa nesta sexta-feira (25), após chegar próximo aos 58.000 pontos na quinta (24). O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, registrava queda de 0,25%, a 57.829 pontos, às 12h58.

De acordo com Pedro Galdi, analista da SLW Corretora, o resultado é normal em um dia de agenda fraca e a queda é apenas um ajuste acerca dos ganhos dos últimos dias.

"Não tem por que subir, pois criamos uma bolha em cima de espuma. Com os resultados das pesquisas dos últimos dias, houve muita especulação e muitos ganhos, então hoje as coisas estão apenas se ajeitando", afirmou.

Para o analista, o anúncio do Banco Central não influencia a alta dos papéis de bancos já que o setor, junto com o elétrico, foi um dos que mais ganhou nas especulações das últimas pesquisas eleitorais.

Nesta sexta-feira (25), o BC anunciou uma série de medidas para estimular o crédito. A instituição estima liberar, por exemplo, R$ 30 bilhões com mudança na regra dos depósitos compulsórios a prazo e à vista. Compulsórios são recursos dos bancos que ficam retidos no BC e que somam hoje R$ 405 bilhões. A liberação dos recursos, entretanto, dependerá da vontade dos bancos de emprestar.

"O anuncio do BC é bem contraditório, após a ata do Copom, então a gente tem um cenário de juros alto, inflação alta e economia fraca. Os bancos estão tão restritivos, o governo tenta forçar os bancos a emprestar. Eles não necessariamente vão repassar isso. Eles podem comprar até títulos do Tesouro. Então, em efeito prático, é difícil mensurar", afirma Galdi.

Dentre os bancos, os papéis preferenciais do Itaú Unibanco, tinham queda de -0,64%, a R$ 35,67. As ações do Bradesco preferenciais e ordinárias caíam 0,77% e 0,84% a R$ 35,30 e R$ 36,07, respectivamente. Já o Banco do Brasil caía 0,44%, a R$ 29,48. Na contramão aparecia o Santander, com ganho de 0,52%, a R$ 15,48.

Em relatório, a Gradual Investimentos avalia que a decisão do Banco Central em liberar crédito aos bancos "soa completamente fora do lugar quando comparada à ata de ontem". Para André Perfeito, economista-chefe da empresa, o BC "desdisse" o que havia informado na quinta-feira (24), quando afirmou, de forma explícita, que não planeja reduzir os juros antes das eleições presidenciais, apesar da desaceleração econômica.

A maior alta do pregão na manhã foi da Hering, com ganhos de 4,03%, a R$ 21,43. Os destaques foram para as ações ordinárias –com direito a voto– da Petrobras, que subiam 1,26%, a R$ 19,25. Já a maior queda era da Oi, com -3,23, a R$ 1,50.

DÓLAR

No mercado cambial, o dólar apresentava alta em relação à moeda brasileira. De acordo com Ítalo Santos, especialista em câmbio da Icap do Brasil, há um fluxo negativo em relação a divisa norte-americana, mas a previsão de uma possível troca de governo faz com que o dólar se valorize ante o real.

Às 12h39, o dólar comercial- usado em negociações de comércio exterior, era cotado a R$ 2,2310, em alta de 0,45%. Enquanto o dólar à vista- referência para negociações do mercado financeiro, registrava alta de 0,42%, cotado a R$ 2,2279.

"O fluxo ainda está negativo, mas nos últimos sete pregões tivemos cinco pesquisas eleitorais. E em apenas uma delas a presidente Dilma aparece com vantagem. O dólar chegou a bater R$ 2,27 semana passada com os resultados, como ela tem vantagem na última pesquisa, o dólar caiu um pouco, mas o mercado ainda acredita em uma vitória da oposição", afirmou Santos. As pesquisas têm influenciado os mercados acionários e cambial.


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