Folha de S. Paulo


GM pede suspensão de 1.000 funcionários em São José; sindicato nega

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos não aceitou o pedido da General Motors para suspender o contrato de trabalho de parte dos funcionários da fábrica local (a 80 km de São Paulo). A reunião que discutiu a possibilidade de fazer o "lay-off" foi feita nesta quinta-feira (24).

As negociações continuam e a próxima reunião para discutir o tema está prevista para 1º de agosto.

O sindicato alega que, ao contrário de outras unidades, a fábrica de São José dos Campos segue em ritmo normal de produção.

O órgão defende a estabilidade no emprego e sugere que a jornada de trabalho seja reduzida de 40 para 36 horas semanais, com a manutenção de salário.

Segundo a entidade, a montadora pretende suspender contratos de trabalho de cerca de mil trabalhadores na fábrica.

A unidade emprega aproximadamente 5.200 trabalhadores.

Um diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, Célio Dias da Silva, afirmou à agência Reuters que o número está incluído numa proposta da montadora que deverá ser alvo do próximo encontro entre as partes.

Representantes da GM não puderam ser contatados de imediato para comentar o assunto.

RECUSA

O plano da montadora foi informado ao sindicato num momento em que a categoria cobra 12,98% de reajuste salarial.

Segundo o sindicato, "a medida não se sustenta em qualquer justificativa. Ao contrário das fábricas de Gravataí (RS) e São Caetano do Sul (SP), que tiveram queda de produção este ano, a planta de São José dos Campos segue em ritmo normal".

Em agosto de 2012, a GM suspendeu contratos de trabalho (lay off) de 940 trabalhadores na fábrica de São José dos Campos, que segundo o sindicato resultaram em 598 demissões.

A unidade produzia modelos que foram descontinuados, como Meriva e Zafira, e atualmente produz a picape S-10, além de motores.

PROBLEMAS NO SETOR

As vendas de veículos no Brasil no primeiro semestre caíram 7,6% sobre o mesmo período de 2013 e a produção recuou 17%.

O desempenho fez a associação que representa o setor, Anfavea, piorar suas projeções para o ano, para quedas de 5,4% nas vendas e de 10% na produção.

Diante do cenário causado por contenção de crédito, confiança menor dos consumidores e baixo crescimento econômico, o governo adiou para o fim do ano o aumento da carga tributária sobre o setor, sob a condição de manutenção do nível de emprego.

Em maio, a montadora francesa de veículos PSA Peugeot Citroen abriu um programa de demissão voluntária para funcionários de sua fábrica em Porto Real, no Rio de Janeiro.

O programa foi aberto após a empresa encerrar o terceiro turno da fábrica em fevereiro, deixando em suspenso os contratos de trabalho de 650 funcionários.

Também em maio, a Volkswagen implantou lay off para cerca de 900 trabalhadores de sua fábrica em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo.

*Com reportagem de São Paulo


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