Atrasos em usinas de geração de energia estão causando o aumento de 43% no preço da eletricidade negociada no mercado de curto prazo no Sudeste, segundo estudo realizado a pedido da Folha.
O mercado de curto prazo é onde distribuidores e geradores compram a energia necessária para cumprir a totalidade de seus contratos.
Em julho, esse preço estava cotado a R$ 669,01 por megawatt-hora na região. Esse valor poderia estar em R$ 466,31 por megawatt-hora, se 23 usinas prometidas não estivessem atrasadas.
O preço da energia no mercado de curto prazo tem elevado as tarifas pagas pelos consumidores, porque as distribuidoras têm aumentado a necessidade de compra de eletricidade mais cara.
O estudo foi feito com base no mesmo modelo matemático utilizado pelo Agência Nacional de Energia Elétrica para definir o preço do mercado de curto prazo.
Foram incluídos 10 empreendimentos hidrelétricos, 8 termelétricos e 5 a biomassa, que somam capacidade de geração de 3.657 megawatts por hora -6% do consumo atual do país.
Os principais atrasos, segundo relatórios de fiscalização da Aneel, são as usinas de Jirau e Santo Antônio, que deveriam ter disponibilizado cerca de 1.300 MW por hora desde março deste ano.
O estudo também simula o impacto que as usinas atrasadas exercem sobre os reservatórios de hidrelétricas.
Atualmente, as reservas do Sudeste, que representa 70% de toda a armazenagem do país, estão em 35%. Se essas usinas estivessem em operação, o nível estaria em 45,6%.
VARIÁVEIS
O mesmo pedido de estudo foi feito pela Folha à Aneel. No entanto, a agência respondeu que, por causa de variáveis que vão desde restrições de operação até decisões dos órgãos reguladores, os resultados obtidos seriam questionáveis.
"Qualquer que fosse o resultado obtido, o suposto novo valor do PLD [preço no curto prazo] seria questionável, tendo em vista as várias condições de contorno que teriam sido consideradas para sua obtenção", diz, em nota.