Folha de S. Paulo


Dados econômicos negativos preocupam equipe de Dilma

A safra de dados econômicos negativos divulgados nesta quinta-feira (17) gerou preocupação no governo Dilma. A equipe econômica já trabalhava com uma queda no crescimento da economia, mas avaliava que os efeitos mais negativos seriam sentidos depois de setembro.

Mas os sinais foram os de que a redução no ritmo da economia pode estar mais acentuada do que o esperado nos meses que antecedem as eleições deste ano.

Agora, a ordem é monitorar os próximos meses.

Nesta quinta, foram divulgados três dados preocupantes, reforçando previsões de que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2014 crescerá apenas um pouco acima de 1%, contra os 2,5% do ano passado.

Editoria de Arte/Folhapress

Primeiro, o indicador de atividade econômica calculado pelo Banco Central (IBC-Br) registrou em maio o pior desempenho dos cinco primeiros meses do ano, uma retração de 0,18% na comparação com abril. A queda foi puxada pelo fraco desempenho da indústria e comércio.

Em segundo, o Ministério do Trabalho informou que a criação de empregos formais foi a menor para um mês de junho desde 1998 –foram geradas 25.363 novas vagas. No primeiro semestre, foram 588.671 novos postos com carteira assinada, menor saldo para esse período do ano desde 2008 (397.936 vagas).

Por fim, o setor de serviços, segundo dados do IBGE, registrou em maio a segunda menor taxa de crescimento na série do instituto.

Sem descontar a inflação, o faturamento cresceu 6,6% na comparação com maio de 2013, maior apenas do que os 6,2% de abril. Considerando a inflação em 12 meses, o avanço foi quase nulo.

A expectativa é que a Copa tenha impulsionado o setor em junho e julho. O problema é que a indústria tende a piorar no período exatamente por conta do torneio.

Analistas avaliam que a economia possa esfriar ainda mais em junho. A consultoria LCA espera queda de 1,5% em relação a maio no indicador do BC. A consultoria Rosenberg também afirma ser provável recuo próximo de 1%.

Na avaliação de assessores presidenciais, o ponto mais fraco da candidata Dilma Rousseff é o desempenho da economia, daí o temor com uma maior deterioração.

Na inflação, há um certo alívio, com o recuo dos preços de alimentos nos últimos meses, que será sentido pelo eleitor e deve influenciar no seu humor. O problema está no ritmo da economia, que está sendo afetado pela baixa confiança de empresários e consumidores.

O governo ainda aposta que a piora no mercado de trabalho não será tão forte antes de setembro, reduzindo eventuais impactos negativos para a presidente.

A dúvida é sobre a conta negativa do pós-Copa. A indústria seguirá demitindo, mas ainda não é possível avaliar como serão as demissões de trabalhadores temporários contratados para o torneio.

O ritmo fraco da economia foi determinante para que na quarta (16) o BC mantivesse inalterada a taxa de juros, em 11% ao ano.

No mercado, já há especulações de que o BC poderia reduzir os juros nas próximos reuniões. Mas, neste momento, a equipe presidencial avalia que, se o ritmo da economia preocupa, o maior inimigo da candidata Dilma na eleição é a inflação.

Colaborou PEDRO SOARES, do Rio


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