Folha de S. Paulo


Bolsa sobe apesar da melhora de Dilma em pesquisa eleitoral

Apesar de ter aberto em leve queda, o principal índice da Bolsa brasileira inverteu a tendência e opera em alta nesta quinta-feira (3), com investidores digerindo dados do mercado de trabalho dos EUA e a divulgação da pesquisa Datafolha sobre as intenções de voto na eleição presidencial em outubro.

O Ibovespa marcava alta de 0,26%, às 10h40 (de Brasília), para 53.166 pontos. O volume financeiro era de R$ 554 milhões.

O levantamento do Datafolha mostrou que a proporção de eleitores favoráveis à Copa no Brasil subiu de 51% para 63% em um mês. De carona nisso, as intenções de voto na presidente Dilma Rousseff (PT) avançaram de 34% para 38% –a maior variação entre todos os concorrentes–, e a aprovação do governo variou positivamente, de 33% para 35%.

No mesmo período, o senador Aécio Neves (PSDB) oscilou de 19% para 20%. E Eduardo Campos (PSB) foi de 7% para 9%, deixando assim a posição de empate técnico com Pastor Everaldo (PSC), estacionado em 4%.

Nas pesquisas anteriores que mostraram queda da Dilma, a Bolsa teve reação positiva. Desta vez, a interpretação favorável se deve em parte ao maior espaço conquistado pelos candidatos da oposição, mesmo com a Dilma na liderança. O analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, avalia em relatório que um ponto a ressaltar é que Aécio e Campos subiram juntos 3 pontos percentuais, o que reforça que haverá 2º turno.

"Em suma, a presidente Dilma ganhou com o alto astral do país, porém, a oposição somada também ganhou. Outro ponto a destacar é o efeito no curto prazo da Copa e tem 3 meses para as eleições", diz Kim. "Impacto para a Bolsa? Negativo, porém nada dramático".

Os papéis de estatais na Bolsa caíam nesta manhã, após a pesquisa. Analistas ressaltam que os investidores estão insatisfeitos com o uso político dessas companhias pelo atual governo e, portanto, uma melhora da Dilma em levantamento eleitoral tende a pressionar para baixo suas ações.

Às 10h40, o papel preferencial (sem direito a voto) da Petrobras cedia 0,29% (a R$17,07), enquanto o Banco do Brasil mostrava perda de 0,61% (a R$ 24,37). Já a ação preferencial da Eletrobras tinha desvalorização de 1,46% (a R$ 10,12).

EMPREGO NOS EUA

Nos EUA, foram criadas 288 mil vagas de emprego em junho, excluindo o setor agrícola, acima dos 224 mil postos criados no mês anterior, segundo dados revisados divulgados hoje pelo Departamento do Trabalho americano. O resultado ficou acima da projeção do mercado, que rondava a casa de 210 mil vagas.

Segundo analistas, era esperado que o indicador fosse surpreender positivamente, acompanhando o índice de criação de emprego no setor privado americano, divulgado ontem. A taxa de desemprego nos EUA passou de 6,3% para 6,1% no mês passado.

A melhora do mercado de trabalho americano gera cautela entre os investidores, que temem que isso faça com que o Fed (banco central dos EUA) suba os juros naquele país antes do previsto –em meados de 2015.

O aumento do juro básico pelo Fed deixaria os títulos do Tesouro americano, que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco, mais atraentes aos investidores estrangeiros do que as aplicações em mercados emergentes, provocando uma fuga de recursos desses mercados.

Isso afetaria negativamente a Bolsa brasileira, que tem forte participação de estrangeiros, e o mercado de câmbio, pois uma redução na oferta de dólares no mercado nacional pressionaria a cotação do dólar em relação ao real para cima.

Nesse cenário, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 0,55%, às 10h40, cotado em R$ 2,230 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava 0,31%, a R$ 2,231.

AÇÕES

Os papéis da operadora de telefonia Oi estavam entre as maiores altas do Ibovespa, às 10h40, com ganho de 2,21% (a R$ 1,85 cada). Em comunicado, a empresa afirmou que não foi informada pela Portugal Telecom –sua principal acionista– sobre o investimento na dívida da Rio Forte Investiments, acrescentando que tomará medidas para defender seus interesses.

Os papéis da BR Properties também operavam no azul. Às 10h40, o ganho era de 0,45% (a R$ 13,42 cada). A família Klein, ex-Casas Bahia, comprou um fundo imobiliário da BR Properties por um valor total de R$ 606,65 milhões, incluindo dívidas. O negócio foi fechado na noite desta quarta-feira (2). O fundo tem 36 imóveis em 11 Estados brasileiros, além do Distrito Federal.

LEILÕES

No câmbio, a intervenção do Banco Central realizada mais cedo não foi suficiente para conter a alta do dólar diante do dado de emprego dos EUA.

O BC deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no mercado, através do leilão de 4 mil contratos de swap (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo valor total de US$ 198,9 milhões.

A autoridade deve realizar, até o final da manhã, um novo leilão para rolar até 10 mil contratos de swap que vencem em 1º de agosto. Até o momento, o BC já rolou cerca de 4% do lote total que vence no primeiro dia do mês que vem.


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