Folha de S. Paulo


Família Klein, ex-Casas Bahia, compra fundo com 36 imóveis por R$ 606 mi

A família Klein, ex-Casas Bahia, comprou um fundo imobiliário da BR Properties por um valor total de R$ 606,65 milhões, incluindo dívidas. O negócio foi fechado na noite desta quarta-feira (2).

O fundo tem 36 imóveis em 11 Estados brasileiros, além do Distrito Federal.

Do total, 26 são lojas da C&A (em shoppings e ruas), além do edifício sede da marca, em Alphaville (Barueri, São Paulo).

Os outros pontos compreendem uma loja da Brooksfield, um supermercado (Sendas), um call center e escritórios em São Paulo, na região da av. Paulista (região central de São Paulo).

A compra foi feita pelo Grupo CB, presidida pelo empresário Michael Klein –ex-controlador das Casas Bahia. O grupo abriga e administra empresas e ativos da família Klein. São três as frentes de negócios: imóveis, aviação executiva e participação em outras sociedades.

O mercado imobiliário é a grande aposta dos Klein depois que a família vendeu o controle das Casas Bahia para o Grupo Pão de Açúcar. No ano passado, faturaram R$ 246 milhões com imóveis.

"A aquisição deste fundo faz parte da nossa estratégia de estar presente nas cinco regiões do país com imóveis bem localizados que, alugados a empresas consolidadas no mercado, nos tragam boa rentabilidade", disse Klein.

Em entrevista à Folha em fevereiro, Klein afirmou que a meta é ter a maior empresa de imóveis do país.

Com o negócio, o Grupo CB passa a ser dono de 420 pontos comerciais, entre lojas, galpões industriais, complexos administrativos, escritórios e centros de distribuição.

A família passa agora a receber todos os aluguéis que iam para a BR Properties.

O negócio ainda depende de aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Eduardo Knapp - 13.fev.14/Folhapress
Empresário Michael Klein, 62, no heliponto das Casas Bahia em São Caetano do Sul (SP)
Empresário Michael Klein, 63, no heliporto das Casas Bahia em São Caetano do Sul (SP)

DIVERSIFICAÇÃO

Os Klein decidiram abandonar o comércio e partir para outra no ano passado, depois que deu errado a tentativa de comprar o controle da Via Varejo, resultado da fusão das Casas Bahia com o Pão de Açúcar (que era dono das lojas Ponto Frio).

O próprio Michael tinha vendido o controle das Casas Bahia ao Pão de Açúcar, em 2009. Meses depois, os Klein se arrependeram. Conseguiram renegociar alguns termos do contrato, mas o relacionamento com os sócios ficou péssimo. Por isso, Michael tentou comprar o controle no ano passado, mas não conseguiram chegar a um acordo sobre o preço.

Por acordo, durante cinco anos os Klein não podem entrar em nenhum negócio que possa competir com a Via Varejo.

Aos 63 anos, pai de gêmeos que nasceram há quatro meses do segundo casamento, Michael avalia pessoalmente os imóveis que compra.

A imobiliária dos Klein começou em 2010, com 275 lojas, e se expandiu. Hoje, cerca de 300 continuam alugadas para a Via Varejo. As outras para bancos como Bradesco e Santander, lojas do Boticário e da Marisa, concessionárias de carros –e, agora, para a C&A.

A siderúrgica Gerdau aluga dois galpões industriais e a Petrobras ocupa um prédio de escritórios de 13 andares que Michael comprou em Salvador.

Michael toca os negócios da família, mas seus filhos mais velhos têm voo próprio. Natalie é dona da butique de NK Store. Raphael montou a ROIx, uma empresa de tecnologia de gestão de audiência com clientes como Gafisa, Lenovo, TIM e Casas Bahia.

CAMPOS NAZISTAS

Os Klein elitizaram a clientela, mas pouca gente entendeu tão bem quanto eles os gostos e hábitos da classe baixa. Tudo começou com Samuel, judeu polonês de 90 anos, que começou a trabalhar aos nove.

Na Segunda Guerra Mundial, escapou por um triz de morrer num campo de concentração nazista e começou a carreira empresarial no mercado negro.

Ele comprava vodca nas aldeias polonesas, trocava a bebida por latarias e cigarros com soldados americanos e depois vendia a mercadoria a militares russos.

Veio para o Brasil com US$ 5.000, comprou uma carroça e foi vender cobertores e toalhas de porta em porta, em São Caetano do Sul, no ABC paulista, onde estavam sendo construídas as fábricas de automóveis e autopeças.

Seus primeiros clientes eram os nordestinos que chegavam para trabalhar na indústria e eram genericamente tratados como baianos. Em homenagem a eles, batizou a primeira loja de Casas Bahia.

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GRUPO CB/2013

Faturamento R$ 246 milhões
Patrimônio 384 imóveis, avaliados em R$ 4 bilhões (desconsiderando a nova compra de 36 imóveis)
Principais concorrentes São Carlos Empreendimentos, Savoy, Grupo WTorre, BR Properties


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