Folha de S. Paulo


Greve afetou coleta de dados sobre emprego para Pnad, diz IBGE

A coleta de dados para a Pnad Contínua já foi afetada em algumas regiões, como Paraíba e Amapá, onde a adesão dos funcionários do instituto à greve é maior, segundo o IBGE.

A presidente do instituto, Wasmália Bivar, disse que a Pnad Contínua traz a maior dificuldade. A pesquisa trata do mercado de trabalho domiciliar e tem abrangência nacional.

Segundo Bivar, o seu "espalhamento no território" e o grande número de entrevistas é o que complica.

"Pnad Contínua é a talvez a pesquisa que tenha a maior dificuldade porque é muito espalhada no território. Temos alguns problemas na Pnad Contínua, mas estamos nos empenhando para resolvê-los", disse.

FALTAM DADOS

Segundo Bivar, a greve do IBGE tem perdido "força", um sinal de que novos problemas na coleta e divulgação das pesquisas não ocorrerão.

Por causa da paralisação, a pesquisa mensal de emprego do IBGE referente a maio ficou comprometida.

Não foi divulgada a média das seis regiões metropolitanas pesquisadas porque faltaram dados de Salvador e Porto Alegre.

Bivar diz não crer na possibilidade de que os dados de Salvador e Porto Alegre não sejam divulgados. Ela tampouco espera dificuldade nos meses seguintes, já que a greve perde força –no pico, em meados do mês, 25% dos trabalhadores estavam em greve; agora, são 15%, de acordo com o IBGE.

Em Salvador, faltou tempo de analisar e criticar os dados coletados em maio. Em Porto Alegre, a coleta não foi encerrada ainda e a falta de informações ficou concentrada em dois municípios da região (Viamão e Alvorada), para onde foram deslocados servidores de outras áreas.

"Essa falta localizada poderia criar um viés na pesquisa. Por isso, não divulgamos."

"Mas é improvável [novos problemas]. Estamos decidindo esforços para realizar isso [coleta, análise e crítica dos dados coletados], com a estratégia de deslocar pessoal para áreas com problemas."

OUTRAS REGIÕES

Em São Paulo, a taxa de desemprego ficou em 5,1% em maio –numa patamar próximo do que havia sido em abril (5,2%).

Em Recife e em Belo Horizonte as taxas de desemprego subiram de abril para maio e ficaram em 7,2% e 3,8%, respectivamente.

Já no Rio de Janeiro, houve um ligeiro recuo -de 3,5% em abril para 3,4% em maio.

BATERIA DE EXAMES

Bivar reiterou, porém, que os dados das duas regiões têm "de passar por uma bateria de exames de qualidade [antes de ser divulgados] e isso a gente não abre mão". "A credibilidade é um patrimônio do IBGE", disse. Ao que tudo indica, porém, essa qualidade será assegurada e as informações serão apresentadas, segundo Bivar.

A PME (Pesquisa Mensal de Emprego), restrita às seis maiores regiões metropolitanas do país, é o principal termômetro do mercado de trabalho, com dados de renda, emprego, taxa de desemprego, força de trabalho (pessoas dispostas a trabalhar ou ocupadas) e outros. É usado por analistas para mensurar a repercussão do ritmo de atividade econômica sobre o mercado de trabalho e em análises socioeconômicas.

O governo usa os dados para traçar, junto com outros indicadores (como a evolução do emprego formal pelo Caged), o panorama do emprego e do rendimento, variável considerada, por exemplo, na definição da política monetária e na previsões sobre consumo e o PIB.

No próximo ano, a PME será substituída pela Pnad Contínua, que já mostra um retrato nacional do emprego a cada três meses. A pesquisa não tem ainda informações sobre rendimento. A ideia é que os principais dados também passem a ser apresentados mensalmente.

OUTROS INDICADORES

A presidente afirmou que a preparação para a divulgação nesta sexta-feira do IPP (Índice de Preços ao Produtor) e da Pesquisa Industrial Mensal, na próxima semana, correm de acordo com previsto e não devem ser afetadas. "Pode haver algum probleminha e em um ou outro indicador, mas não acredito que isso ocorra."

Nessas duas pesquisas, os informantes são as empresas. Elas têm um universo menor de entrevistados, que respondem por telefone ou por meio digital o questionário. Ou seja, é um trabalho mais simples

IPCA É PRIORIDADE

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é, segundo Bivar, é o principal foco de atenção do instituto. É que se não há como medir a inflação oficial do país com atraso, já que os preços oscilam sempre. Se deixar de ser coletado numa semana, a perda é concreta.

"Temos uma força tarefa para o IPCA e a equipe da pesquisa está trabalhando. É o índice que tem a mais elevada prioridade."

SINDICATO

Apesar de não apresentar números, a Assibge (sindicato da categoria) diz que a greve ganha força e já tinha relatado que existiam problemas na coleta. Bivar afirmou que até quarta-feira havia o esforço de terminar de levantar os dados em campo em Porto Alegre e concluir a análise das informações de Salvador. Por isso, diz, não havia como informar antecipadamente sobre os problemas.


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