Folha de S. Paulo


Mercado reduz novamente previsão do PIB e vê indústria em queda neste ano

Os analistas de mercado diminuíram novamente a previsão de expansão da economia em 2014.

Segundo o Boletim Focus do Banco Central –que colhe projeções entre cerca de cem instituições– divulgado nesta segunda-feira (23), a previsão para a alta do PIB passou de 1,24%, na semana anterior, para 1,16%. É o quarto recuo seguido.

No caso da produção industrial, a projeção passou de aumento de 0,51% para queda de 0,14%. Há um mês, esperava-se uma expansão de 1,63% para a economia brasileira e de 1,40% para a indústria.

Também é a quarta piora na previsão para a indústria, e a primeira em que o setor aparece com expectativa negativa para este ano.

Para 2015, a estimativa para o avanço do PIB passou de 1,73% para 1,60%, e se contrapõe à da indústria, que foi de 2,25% para 2,30% de aumento. Há um mês, essas projeções eram de 1,96% e 2,20% de alta, respectivamente.

Sobre a inflação, a expectativa para 2014 foi mantida em 6,46%. Os economistas também deixaram inalterada a perspectiva de que a Selic encerrará o ano a 11%.

INDICADORES

Em mais um sinal de dificuldade da atividade econômica brasileira em se recuperar após o resultado ruim do primeiro trimestre, as vendas no varejo recuaram 0,4% em abril sobre março, apontando que a fraqueza do consumo se estendeu para o início do segundo trimestre.

Mesmo com o avanço da concessão de crédito –que impulsionou a venda de veículos–, o varejo ampliado, que inclui automóveis e material de construção, ficou aquém do previsto e subiu 1,6%.

Com isso, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu apenas 0,12% no mês, mostrando atividade econômica fraca no início do segundo trimestre, em um cenário de inflação alta e confiança estremecida.

Com a mesma expectativa de economia andando de lado, o Banco Mundial reduziu de 2,4% para 1,5% a projeção de crescimento da economia brasileira este ano.

'PACOTE DE BONDADES'

Na quarta-feira passada, o governo federal anunciou novas medidas para tentar impulsionar o setor industrial e, com ele, a atividade.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou alterações no Refis, extensão do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) até o fim de 2015 e a retomada do Reintegra, programa que devolve parte dos custos de exportação em forma de créditos tributários.

Ainda que considerado de baixo impacto por parte do mercado –para quem as medidas ajudam, mas não salvam 2014, o pacote, de acordo com o ministro, deve auxiliar as empresas.

As medidas adotadas vinham sendo pleiteadas pela indústria e podem melhorar um pouco as expectativas do setor. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a confiança dos empresários encerrou o segundo trimestre em queda.


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