Folha de S. Paulo


Brasil está atento a risco de calote argentino, diz ministro

O ministro do Desenvolvimento, Mauro Borges, afirmou há pouco ao Valor que o governo brasileiro está observando atentamente os desdobramentos do risco de um calote na Argentina.

Segundo ele, a incerteza não afeta o acordo automotivo firmado recentemente entre os dois países e não houve qualquer comunicado oficial sobre um eventual pedido de socorro financeiro ao governo brasileiro.

"Acredito que o governo argentino vai conseguir equacionar junto à Suprema Corte uma solução, possivelmente de recurso. Alguma solução vai ter que ser dada, não acredito que isso aí vai repercutir nas reservas cambiais do país. Acredito que vai ter uma solução internacional que equacione o problema" , disse o ministro ao chegar para uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto.

"Estamos observando atentamente os desdobramentos, mas acredito que vai ter uma solução negociada dessa questão" , completou.

O CASO

Na segunda-feira (16), a Justiça dos EUA determinou que a Argentina pague detentores de dívidas que não aceitaram o acordo proposto após o calote de 2001.

O pagamento, segundo a decisão, deverá ser feito no momento em que o país quitar a dívida com aqueles que aceitaram o acordo -92% do total de credores. O governo, no entanto, afirma que a medida impossibilita o pagamento no prazo (final de junho), tal como estava previsto.

Se o país não se acertar com os credores, pode dar um novo calote, o que teria consequências graves para sua economia, com impacto no Brasil.

Em pronunciamento dado nesta sexta-feira (20), a presidente Cristina Kirchner disse que quer cumprir acordo "com 100% dos credores, mas pedimos condições justas de acordo com a lei nacional."

"É necessário que deem à Argentina as condições para podermos negociar. Queremos dar uma mostra de que somos pessoas capazes de sentarmos para negociar e concordar", disse a presidente.


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