Folha de S. Paulo


Argentina diz que quer pagar todos os credores, mas pede 'condições justas'

Pela primeira vez desde que a Argentina perdeu uma ação na Suprema Corte dos Estados Unidos contra uma parte de seus credores, a presidente Cristina Kirchner afirmou que o país tentará negociar para pagar a dívida.

Em um discurso pelo feriado argentino do Dia da Bandeira, Cristina disse que quer cumprir acordo "com 100% dos credores, mas pedimos condições justas de acordo com a lei nacional".

Na segunda-feira (16), a Justiça dos EUA determinou que a Argentina pague detentores de dívidas que não aceitaram o acordo proposto após o calote de 2001.

O pagamento, segundo a decisão, deverá ser feito no momento em que o país quitar a dívida com aqueles que aceitaram o acordo –92% do total de credores. O governo, no entanto, afirma que a medida impossibilita o pagamento no prazo (final de junho), tal como estava previsto.

"É necessário que deem à Argentina as condições para podermos negociar. Queremos dar uma mostra de que somos pessoas capazes de sentarmos para negociar e concordar", disse a presidente.

Ela disse que o ministro da Economia, Axel Kicillof, deve ordenar aos advogados que peçam ao juiz "condições para que [o pagamento] seja benéfico a 100% dos credores".

A presidente lembrou dos acertos com a Repsol, uma petroleira que foi expropriada, e com o Clube de Paris, um conjunto de países com os quais a Argentina tinha dívidas que não estavam sendo pagas.

Apesar do tom inflamado no discurso, dessa vez a presidente foi explícita ao abrir a possibilidade de negociar com os credores com quem o país está em litígio –eles representam cerca de 8% do total.

Editoria de Arte/Folhapress

NEGOCIAÇÕES

O governo vem emitindo sinais distintos sobre essa possibilidade.

Por exemplo, os advogados do país afirmaram que o governo ia mandar gente para negociar com os fundos e, no dia seguinte, o chefe de gabinete desmentiu.

Ontem, o jornal "Wall Street Journal" informou que o fundo Elliott Management, que lidera o grupo de credores americanos que não quiseram reestruturar a dívida da Argentina, estaria pronto para negociar.


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