Folha de S. Paulo


Governo francês pretende comprar fatia na Alstom junto a Mitsubishi

O governo francês quer comprar pelo menos 10% na Alstom junto a Mitsubishi Heavy Industries (MHI) como parte da oferta conjunta da empresa japonesa com a Siemens, disse à Reuters um representante sindical da Alstom nesta terça-feira (17).

O presidente-executivo da MHI, Shunichi Miyanaga, já havia dito a parlamentares franceses querer "fortemente" que o governo comprasse uma fatia de 10%, igual à que a Mitsubishi ofereceu comprar da principal acionista da Alstom, a Bouygues, para reforçar que o grupo de engenharia continuaria francês.

O representante sindical, que estava participando de uma conferência com o ministro francês da Economia, Arnaud Montebourg, nesta terça-feira, disse que o governo estava tentando comprar uma fatia na Alstom via o banco estatal BPI.

Um porta-voz da Bouygues informou mais cedo que a empresa foi contatado pela MHI sobre a compra da participação, mas que ainda não foi abordada pelo governo francês ou pelo BPI.

OFERTAS

O governo francês disse nesta terça-feira (17) às empresas interessadas no negócio, General Electric (GE) e Siemens, para melhorarem suas ofertas.

O governo do presidente François Hollande deu a si o poder de vetar um acordo com a justificativa de não querer que a Alstom, empresa inovadora e grande empregadora, venda a maior parte de seus negócios para uma companhia estrangeira sem que o Estado possa opinar.

Em uma semana chave para a Alstom com a aproximação da data limite para a oferta da GE, em 23 de junho, a alemã Siemens apresentou nesta terça-feira ao presidente Hollande uma proposta conjunta com a japonesa Mitsubishi Heavy Industries (MHI), que avaliou o braço de energia da Alstom em 14,2 bilhões de euros (US$ 19,3 bilhões), acima da oferta de 12,4 bilhões de euros da GE.

Mas o governo de Hollande respondeu dizendo que esperava melhores ofertas de ambas as empresas.

"As negociações entre o Estado e as diferentes empresas vão continuar nesta semana", disse uma fonte do gabinete de Hollande depois do encontro com o presidente-executivo da Siemens, Joe Kaeser, e com o CEO da Mitsubishi Heavy Industries, Shunichi Miyanaga.

Eric Piemont/AFP
CEO da Siemens Joe Kaeser (centro) junto ao CEO da Mitsubishi, Shunichi Miyanaga (esq.) e ao secretário francês da Siemens Frederik Jeske-Schonhovenao (dir.) durante anúncio de proposta pela Alstom
CEO da Siemens, Joe Kaeser (centro), junto ao CEO da Mitsubishi, Shunichi Miyanaga (esq.), e ao secretário-geral da Siemens no país, Frederik Jeske-Schonhovenao (dir.), durante anúncio de proposta

"As ofertas devem ser melhoradas", disse a fonte.

GUERRA DE LANCES

Kaeser, descrevendo a oferta Siemens-MHI para jornalistas em Paris, disse que não vê razão para discutir a elevação da melhor oferta sobre a mesa

"Não há nenhuma razão para discutirmos essa questão neste momento", afirmou ele em uma coletiva de imprensa conjunta com Miyanaga, da MHI.

Uma fonte próxima à GE disse que o grupo ainda estava discutindo partes do acordo com o governo francês, particularmente as que envolvem os ativos ferroviários, de energia nuclear e renovável da Alstom, mas afirmou que a proposta também não iria aumentar o componente em dinheiro.

"A GE não entrará em uma guerra de lances em dinheiro e não vai mudar a data limite 23 de junho", disse a fonte.

Pela proposta da Siemens-MHI, a Siemens compraria o negócio de turbinas a gás da Alstom por 3,9 bilhões de euros em dinheiro, enquanto a MHI compraria fatias minoritárias em vários negócios de energia da Alstom, por 3,1 bilhões de euros em dinheiro.

A MHI também ofereceu assumir uma fatia de até 10% na empresa francesa dos 29% detidos pela acionista Bouygues.


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