Folha de S. Paulo


Câmara prorroga por mais 50 anos vigência da Zona Franca de Manaus

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (4) a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que prorroga a vigência da Zona Franca de Manaus até 2073.

O texto, aprovado por 366 votos favoráveis, dois contrários e três abstenções, será enviado para o Senado.

Para compensar e equilibrar a competitividade do setor de informática, os deputados também aprovaram um projeto de lei que prorroga a concessão de benefícios para o setor em todo o país até 2029. A proposta também seguirá para análise dos senadores.

A PEC já havia sido aprovado em primeiro turno em março e hoje foi aprovado em segundo turno.

A demora entre as duas votações se deu porque deputados do Sudeste, principalmente, só aceitavam votar a PEC se houvesse o compromisso do governo em prorrogar a vigência da Lei da Informática.

Os benefícios fiscais previstos para a Zona Franca incidem sobre os principais impostos e contribuições federais para os produtos fabricados no local.

São eles: isenção total do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); redução de até 88% do Imposto de Importação sobre insumos da indústria; diminuição de 75% do Imposto de Renda; e isenção do PIS/Pasep e da Cofins nas operações internas da área. Criados em 1967, os benefícios da Zona Franca terminam em 2023. A PEC em discussão no Congresso prevê a prorrogação por 50 anos.

Alberto César Araújo - 10.mar.09/Folhapress
Linha de montagem de fábrica de motos em Manaus (AM)
Linha de montagem de fábrica de motos em Manaus (AM)

INFORMÁTICA

Para manter um equilíbrio competitivo entre os estados, deputados do Sudeste, principalmente, condicionaram a votação da prorrogação de benefícios à Zona Franca de Manaus à votação de um projeto de lei que também prorroga, por dez anos, os benefícios fiscais concedidos ao setor de informática em todo o país.

Atualmente, os benefícios estabelecidos na Lei da Informática seriam concedidos até 2019 mas o projeto determina a concessão até 2029.

O texto estabelece que as empresas mantenham o desconto de 80% no pagamento do IPI até 2024 e a partir daí há um escalonamento até a extinção do benefício, sendo de 75% até 2026 e 70% até 2029.

O projeto determina descontos maiores para o Centro-Oeste sendo a redução de 95% até 2024, de 90% até 2026 e de 85% até 2029.

Além disso, a Lei da Informática obriga as empresas do setor a investirem 5% do faturamento bruto em pesquisa e desenvolvimento.

Se o prazo não fosse prorrogado, os deputados alegam que o setor sofria um forte impacto na área. Somente em 2011, segundo cita o projeto, foram aplicados um total de R$ 4767,8 milhões em pesquisa e desenvolvimento resultantes da obrigatoriedade da lei.

"Para uma adequada circulação da riqueza gerada no setor de informática, é relevante também uma distribuição espacial minimamente isonômica da atividade. Não por outra razão a lei previu incentivos específicos para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste", defende o relator da medida, deputado João Maia (PR-RN)

O projeto, que será agora analisado pelo Senado, também estabelece que os benefícios concedidos para as Áreas de Livre Comércio no país serão prorrogados até o fim de 2049.

BLOCO EUROPEU

A votação da PEC da Zona Franca ganhou fôlego depois que a presidente Dilma Rousseff aproveitou reunião da Cúpula Brasil-União Europeia, em Bruxelas, no início do ano, para atacar a recente ação do bloco europeu contra os incentivos brasileiros.

Dilma disse ter ficado "surpresa" e "estranhado" a atitude da UE, que havia questionado a política de incentivo à Zona Franca de Manaus e ao programa Inovar-Auto, do setor automotivo.

A zona é área de livre comércio, exportação e importação, que conta com incentivos fiscais de forma a atrair indústrias para a região Norte. Manaus exporta principalmente eletrônicos e mídias digitais.


Endereço da página: