Folha de S. Paulo


Indústria tem em abril pior queda desde setembro de 2009

Passada a queda de 0,5% de março, a indústria manteve a tendência de retração e caiu 0,3% em abril em relação ao mês anterior.

O resultado, divulgado nesta quarta-feira (4) pelo IBGE, vem em linha com a estimativa da Bloomberg com analistas.

Em relação a abril de 2013, o setor registrou forte queda de 5,8%, a maior retração nessa base de comparação desde setembro de 2009, quando a indústria sofria os efeitos da crise global daquele ano.

Em março, a queda sobre o mesmo mês do ano passado havia sido de 0,7%.

Editoria de arte/Folhapress

Os dados mostram que a indústria já iniciou o segundo trimestre do ano pior do que terminou o período de janeiro a março. No ano, de janeiro a abril, a indústria acumulada queda de 1,2%.

Na taxa acumulada em 12 meses, houve ligeira alta de 0,8%.

Especialistas esperam para 2014 um fraco desempenho da indústria, com crescimento entre 1% e 1,5%.

Afetam o setor, mais dinâmico da economia por seus "altos e baixos" e com importante encadeamento com os serviços e a agropecuária (como fornecedor ou "cliente"), juros maiores, crédito restrito, inflação elevada e especialmente empresários menos confiantes e com menos disposição a investir neste ano eleitoral.

SETORES

De janeiro para abril, a queda de foi ditada pelo fraco desempenho dos ramos de metalurgia (queda de 2,7%), minerais não metálicos, insumos para a construção (1,5%), vestuário (-1,6%) e madeira (3,2%).

Por outro lado, os setores de apresentaram expansão mais significativa e evitaram uma perda maior foram os de alimentos (2,6%), perfumaria e produtos de limpeza (3,1%) e farmacêutica (4,9%).

Para André Macedo, economista do IBGE, a indústria intensificou em março sua trajetória de queda, ao olhar o conjunto dos indicadores da pesquisa.

Neste ano (queda de 1,2%), o principal destaque negativo, diz, é a indústria de veículos com menor produção de caminhões e veículos. O setor, porém, voltou a crescer de março para abril, com alta de 0,6%. O resultado, no entanto, não compensa as quedas dos meses anteriores.

Em março, a perda superou os 4%.

QUEDA GENERALIZADA

Macedo diz que a retração frente a abril de 2013 é explicada por três fatores: a desaceleração, em si, da produção da indústria; o fato de neste ano o mês ter dois dias úteis a mais do que no ano passado; e a forte base de comparação.

Em abril de 2013, a indústria viveu seu melhor mês do ano, com a produção em alta de 9,9%.

Em abril deste ano, a perda da indústria foi generalizada. atingiu 20 dos 26 segmentos pesquisados e 70% dos produtos investigados com redução na produção.

"Tem um número muito maior de produção com taxas negativas", disse Macedo, ressaltando que o dado mostra uma "perda espalhada" do setor.

Apesar das ponderações, o economista diz que "há uma clara perda de ritmo da produção e uma trajetória descendente". O técnico do IBGE afirmou que a taxa acumulada em 12 meses mostra tal cenário. O indicador somava alta de 2,1% em abril. Em março, desacelerou para 0,8%.

Com a perda de abril, a indústria opera num patamar de produção 4,5% abaixo do seu pico, em volume de produtos e bens fabricados, em maio de 2011. Ou seja, a indústria não se beneficia em nada da expansão econômica (ainda que modesta desde 2011) e do aumento da renda.

Analistas esperam uma alta entre 1,% e 1,5% neste ano da indústria, ao considerarem que haverá um discreta melhora ao longo do segundo semestre.


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