Folha de S. Paulo


Apartamentos compactos se mantêm em evidência após boom

Número de lançamentos de até 50 m² cresceu 55% no ano passado

Os pequenos agora são os maiorais. Um retrato do mercado imobiliário paulistano mostra que os apartamentos compactos estão ganhando espaço nos lançamentos.

Os números absolutos, relativos e os dados de crescimento apontam a preponderância desse tamanho de imóvel entre quatro segmentos (até 50 m², de 51 m² a 70 m², de 71 m² a 100 m² e acima de 101 m²).
Dos 64 lançamentos realizados de janeiro a meados de maio desse ano, 26 contemplavam imóveis com no máximo 50 m².

IMÓVEL SOB MEDIDA

No ano passado, quase metade dos empreendimentos ofereciam unidades nessa metragem, segundo um levantamento exclusivo elaborado pela consultoria Geoimovel (veja a evolução entre 2010 e 2014 ao lado).
Esse movimento é uma "fatalidade", na opinião de João da Rocha Lima Jr., coordenador do núcleo de pesquisa de mercado imobiliário da Poli (Escola Politécnica da USP). "É um realidade que veio para ficar", diz.

Lima Jr. lembra que o encolhimento dos apartamentos não é uma particularidade de São Paulo. O mesmo movimento aconteceu em grandes metrópoles como Nova York, Tóquio e Londres. O professor diz que é uma consequência do aumento dos preços, provocado, especialmente, pelo aumento de custos como os de terrenos.

A oferta de quitinetes –que hoje atendem pelo nome de estúdio– ocorre há décadas, em edifícios emblemáticos como o Copan, no centro de São Paulo. A novidade é a "força" com que eles passaram a ser lançados.

Zanone Fraissat/Folhapress
Mayr Della Paolera comprou apartamento de 40 m² para investir
Mayr Della Paolera comprou apartamento de 40 m² para investir

O número de novos empreendimentos com imóveis nessa metragem cresceu 2% em 2011 em relação ao ano anterior. Em 2012, aumentou 13%. Em 2013, houve o boom e o volume de lançamentos de apartamentos de até 50 m² avançou 55%.

A decisão de morar em um apartamento compacto passa por diferentes variáveis. A principal delas, dizem os especialistas, é a localização.

Viver em um espaço tão sucinto se justifica, para muitos, pela proximidade das atividades ou das vias de acesso.

Ricardo Laham, diretor de negócios da Brookfield Incorporações, afirma que é natural que os bairros mais centrais e com maior infraestrutura de lazer, educação e trabalho atraiam mais pessoas. É uma forma de perder menos tempo no traslado para o trabalho ou para o lazer.

"Muitos têm preferido apartamentos menores mas mais funcionais", diz.

CABE NO BOLSO
O tamanho do bolso é outra razão de peso. De forma geral, o montante que antes comprava um imóvel de 100 m² num bairro de classe média é capaz de comprar, no máximo, um compacto.

"Não adianta fazer apartamentos grandes se boa parte da turma não tem recursos para pagar", diz Marcelo Dzik, diretor de incorporação da Even.

"O público não tem como comprar imóveis maiores por conta do aumento de preços. A oferta de novos produtos se ajusta a isso", diz Lima Jr.

Editoria de Arte/Folhapress

Entre os ajustes, está a maior oferta de conveniências e áreas comuns. O cardápio farto independe do padrão do imóvel.

No Clube Jardim Vila Maria, da Even, por exemplo, há ampla área de lazer, com brinquedoteca, piscinas, salão de festas. Os apartamentos de dois dormitórios e 45 m² custam a partir de R$ 330 mil.

Segundo Dzik, os compradores têm sido casais jovens e solteiros que saem de casa e querem permanecer na região onde reside a família.

No BHD Pinheiros, da Brookfield, a oferta de "mimos" é ainda maior e adequada ao preço mais alto. A menor unidade tem 44 m² e custa a partir de R$ 600 mil.

A ideia é ser residencial com cara de hotel –recepção bilíngue, bar, arrumação, coleta de roupas para a lavanderia e manobrista 24 horas. Alguns serviços são pagos quando usados e outros fazem parte do condomínio, estimado a partir de R$ 800.


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